Friday, November 22, 2013
MÃE
Lembrei-me, sim.
E é sempre a festa.
E a firmeza.
Os bordados de Tibaldinho.
A arca.
A casa.
A Leitaria Ecila.
A gargalhada.
A estrutura que a cada instante me diz VAI.
Saturday, October 12, 2013
BLUE JASMINE
Uma coisa tão boa deste dia. fui ver «Blue Jasmine». Sempre atraída por Woody Allen. E gostei tanto. Tudo para pensar. Tudo para reflectir. Revi-me em muitas situações. Revi-me e «colei-me» a tantas situações.E bom, mesmo bom foi a companhia. Amiga que como eu gosta de se sentar para dar dois dedos de conversa. Trocar impressões. Sentámo-nos e o filme ficou dentro.
Tuesday, October 08, 2013
ESTOU AQUI À ESPERA DE NADA
Ouvi esta frase/oração que me parece tranquilizar a vida, os dias, todos os sobressaltos, as tantas tarefas que julgo sempre que me cumpre realizar(!!!). Esta frase/oração que há-de ajudar-me a uma entrega enfim confiante. Por fim confiante. "ESTOU AQUI À ESPERA DE NADA." Quero dizê-lá. E voltar a dizê-la. E voltar a dizê-lá.
Sunday, September 29, 2013
RESISTENTES
Às vezes, muitas vezes, a chuva é a serenidade por fim poisada nos dias. Hoje, dia de votações autárquicas, a chuva é mais uma razão inventada para não ir votar.
Bem ao contrário, um casal muito idoso, talvez com poucas posses e muitas despesas de saúde, afirmou-me ontem convicto no supermercado "Vamos votar. Vamos, claro. Não ficamos mais pobres por ir de taxi". E de certeza, vão.
Que indiferença, que inércia deixa p'raí tanta gente sentada e adormecida no sofá da sala? A televisão serve. Prende-nos numa gaiola QUE NÃO É A VIDA.
A vida hoje está na rua. Ainda que com muita abstenção. MAS RESISTENTE.
Saturday, September 28, 2013
VOU VOTAR, MAS NÃO É UMA FESTA
Vou votar. Vou votar mesmo. Luto académico de 62. Desde sempre a Vida se teceu em causas. Em valores. Em muita teimosia. E muita convicção. Hoje ir votar é uma consciência. Mas não é uma Esperança. Não é uma Alegria. Como estarão amanhã as ruas do meu bairro?
Wednesday, September 25, 2013
GOSTAR DE FRANCÊS
Não é difícil encontrar uma boa notícia em cada dia. No sábado, foi tão inesperado. A Mãe tinha-me dito que o Manuel estava a gostar de Francês. Com sorrisos, o do rapaz é mesmo lindo, provoquei-lhe duas frases. Boa pronúncia mesmo.
E na segunda-feira lá estava eu no Instituto Francês a subir uma escada, com a minha linda bengala e o entusiasmo dos meus dezasseis, dezassete anos para comprar um livrito ao Manuel.Nesse dia e no outro e no outro talvez, tu foste, no és também o meu alento. UMA BOA NOTÍCIA.
Sunday, September 22, 2013
OUTONO
Estamos tão cansados deste calor. Estamos mesmo tão cansados. De viver assim. Amanhã ou hoje mesmo é sempre um dia tão incerto e tão difícil. Cansam-me até as ruas do meu bairro. Os rostos sem sorriso. Espelho dos meus. A vida sem Esperança. Ou quase. A vida sufocada. E chega assim o Outono. Quase certa é a alegria de poder pisar as folhas secas.
E agarrar a serenidade de um qualquer vento fresco. Que há-de vir.
POR UM QUILO DE CENOURAS
No fim de semana passado fui ao encontro do Pedro Nunes - o euro, Portugal, a Europa. E o meu liceu. Aí fui aluna. Uma década depois fui professora. "Estou em casa". Mas, o assunto desta postagem é o euro. Foi para mi uma aprendizagem muito básica. Eu tinha ido à praça na véspera. As cenouras custavam 80 escudos. O euro passa a ser a nossa moeda. Volto à praça. As cenouras custam 80 cêntimos. Insurjo-me. A resposta que recebo é "Mas é muito barato. Nem custa 1euro."Não sei se esta é a razão por que estamos neste estado. Mas é também uma razão. Pensar não é coisa muito complicada. Parece-me. Não, tenho a certeza.
Tuesday, September 10, 2013
Sunday, September 01, 2013
NO FUNDO DA GAVETA, UM POEMA
Em Tibaldinho, entre tarefas bem pouco agradáveis, tarefas que me passavam ao lado porque alguém as fazia por mim, há pequenos/grandes milagres em gestos de nada como por exemplo abrir uma gaveta. Foi naquela da mesa da televisão que encontrei, como recordação do casamento da Cláudia e do Luís, este poema de Eugénio de Andrade. Deixo-o aqui. O meu sustento de poesia. Hoje.
"Aqui e estão as mãos./ São os mais belos sinais da terra./Os anjos nascem aqui:/frescos, matinais, quase de orvalho,/ de coração alegre e povoado.(...)/Alguns pensam que são as mãos de deus,/ - eu sei que são as mãos de um homem,/trémulas barcaćas onde a água,/a tristeza e as quatro estações/penetram, indiferentemente./
Não lhes toquem:são amor e bondade./Mais ainda:cheiram a madressilva./São o primeiro homem, a primeira mulher./E amanhece."
Thursday, August 29, 2013
ANDRÉ
Esperámos-te na noite. Há quarenta e seis anos. Ansiosos. Felizes. O Pai e a Avó Alice ali comigo. Não foi um parto só da Mãe. Também no nascimento da tua irmã lá estavam os dois. Sem falar nos Avós. No Tio João. MEU AMOR. E inconscientes sonhávamos, supúnhamos que nascias para uma Vida sem dor. E que te havíamos de dar a eternidade. Demos-te a Vida. A tua Vida. A condição humana. E em tudo o que podemos, partilhada.
Nesta noite teço os teus dias em contas de oração. E de louvor. E onde quer que o Pai esteja, ele está perto.
PUDÉSSEMOS NÓS INVERTER A CORRENTE
Ontem recebi um mail que dizia "O dia que Albert Einstein tanto temia chegou". A seguir seis imagens com situações várias em que cada pessoa tinha um telemóvel e, ainda que rodeada de outras pessoas ou de paisagens, só o telemóvel era o seu comunicador. Fala-se com o telemóvel, ainda que ao lado esteja o amigo, o namorado, quem quer que seja, ou se esteja à mesa, na praia, num museu! Sim, chegou o dia. O mail enviava também o texto de Eintein "Tenho medo do dia em que a tecnologia se vai sobrepor à interação humana. O mundo terá uma geração de idiotas." Sei o que é a dependência do telemóvel. Faço uma ligação, envio um SMS, trago-o na carteira. Se o esqueço em qualquer lado, fico inquieta. Realmente ...que cadeias prendem a vida! Estou em Tibaldinho, a aldeia da vida toda. Sempre escrevi postais. É um impulso quase obsessivo ou mesmo obsessivo. Dantes algumas senhoras de Campo de Ourique, quando eu voltava de férias, diziam-me "Sabe, tenho os seus postais numa gaveta com uma fitinha."Isto era muito bom. Agora ainda escrevo alguns. Poucos. Vou a Mangualde ou a Viseu, entro no Museu de Grão Vasco ou numa papelaria, pergunto por postais, é quase estranho. Espero. E lá aparecem alguns. Neste pequeno gesto, julgo que rumo contra a maré. Com palavras escritas p'lo meu punho, um postal procurado, um sêlo que é preciso comprar. Tempo. De ser pessoa. Para outra pessoa. E acho que vale.
Thursday, August 22, 2013
DE COMBÓIO
Volto a Tibaldinho. De combóio. Já não é "o pouca-terra, pouca-terra", nem tem fagulhas que
nos sujem. Mas tem a mesma serenidade, suspeita dos pinhais, do verde que sempre procuramos.
Que nos hão-de suportar em todos os ruídos. Em todos os gêlos. Suportar? Não, "que hão-de ser antes a essência dos dias." De todos os dias.
Monday, August 19, 2013
8 837, 09 euros de IRS
Acabei de pagar. Aí há duas horas. Alguém é capaz de fazer umas apostas sobre quanto é que eu recebo em cada mês, ainda que "para o mês que vem, nunca se saiba"?
Sabia o que me esperava e fui juntando ao cêntimo. Lá paguei, ainda que tenha feito uma reclamação. Gosta de perceber o que é que realmente eu estou a pagar. E a quem?
Friday, August 16, 2013
"SABEMOS PARA ONDE QUEREMOS IR" Pedro Passos Coelho
Já ouvi "isto".
Tenho idade. Tenho memória. Sei quando é que ouvi. A quem ouvi. Em que situação ouvi. E é uma muito má memória. Senhor primeiro ministro, tenha idade e vida para lhe pedir que tenha respeito pelos portugueses.
Thursday, August 15, 2013
UMA FOTOGRAFIA
A força das palavras do Manuel, lembradas e escritas tantas vezes pelo André julgo que como metáfora da sabedoria, têm sido, para mim, palavras presentes, palavras reflectidas, palavras fortes pela vida dentro. «Ver a imagem para lá da imagem».
Mas foi no dia 8 (73 anos, graças a Deus), que sabendo que por cá havia de aparecer alguma família, alguns amigos, desdobrei-me em mesas e loiças, e de repente, à procura de uma fotografia dos meus sobrinhos e dos meus filhos para mostrar «como cresceram», encontrei uma lindíssima em que o André está no quintal de Tibaldinho, coberto de mal-me-queres rasteirinhos, pela Páscoa, 7, 8 anos, um sorriso enorme, feliz, agarrado a um cão de sonho, talvez um serra da estrela. Mostrei-a. Feliz também. E o André «Mãe, esse foi um dia muito triste para mim.Chorei tanto, mãe» E eu sem perceber nada. Explicou «Vocês proibiram-me de andar com aquele cão».
Como é que palavras tantas vezes impensadas podem matar a felicidade? Raramente temos consciência «do que está nas nossas mãos» quando somos pais, professores, amigos ....É importante deixarmo-nos surpreender mesmo que seja aos setenta e três anos (confesso que me tenho surpreendido muito mais nestes últimos anos).
«Ver para lá da imagem» não é sempre possível. Bem que o Manuel o dizia com dor quando falava da sua arte de realizador a que se referia como sendo «aprendiz de feiticeiro».
Bom que eu tenha encontrado a fotografia. Bom que tenha percebido ou tenha começado a perceber (aprendizagem longa) que tantas vezes uma fotografia não diz a vida. A dor não costuma ser fotografada quando se trata de um album de família.
FILME DE TERROR - REALIDADE DE TERROR
Chego a casa. Ligo a televisão. Notícia - UM ÚNICO SERVIÇO DE URGÊNCIA EM LISBOA. E não é um filme. É no meu país.
Na minha cidade. E no meu país, na minha cidade, há homens e mulheres?
ESPLANADAS SEM ABRIGO
Vou muitas vezes a uma esplanada. Obrigo-me com gosto a estar numa esplanada. É-me mais fácil ler, escrever. Vivo também e respiro de ler e de escrever. Numa esplanada só sou interrompida se quiser ou se deixar. Posso "fazer o meu horário" (sempre a Escola ... ).
Às vezes, muitas vezes, interrompo tudo para trocar palavras. E oiço vidas. Narro a vida. Trocamos um sorriso. Um endereço de mail.
E cada vez mais amiúde decido p'lo silêncio. É então que procuro esse jeito difícil de ver para lá de todas as imagens, de ouvir para lá de todas as palavras, de todos os gritos. De todos os silêncios.
E vai-me parecendo que tantos de nós, homens e mulheres ali na esplanada, me parecem homens e mulheres sem-abrigo.
Ou não será que não somos todos sem-abrigo?
Sim, sem-abrigo.
A condição humana.
Assim
Sunday, July 28, 2013
O QUE NÃO ALCANÇAMOS
Voltar a Tibaldinho, voltar a um qualquer lugar ou apenas ir a um qualquer lugar, pode parecer e tantas vezes parece que "há-de estar lá" tal móvel, tal jardim, tal árvore, tal janela, quiçá o prato e o talher da infância ou o que resta da trave do baloiço. E pode acontecer que o móvel ainda é "aquele móvel", que o jardim lá continua e também a árvore, mais seca ou mais frondosa. Assim como a janela. E o prato e o talher e até a trave do baloiço.
Mas as pessoas não. A vida. A liberdade. O pensamento. O querer tão só de cada um. As pessoas são todas o mistério. O inesperado. O insondável. As pessoas são tudo o que não cabe no móvel, não cabe no jardim, nem na árvore. Nem na janela, nem no prato ou na colher. As pessoas não cabem na trave do baloiço. As pessoas são o que não alcançamos. E que havemos de amar. Assim. Tal qual. Na aceitação do que sempre há-de ser desconhecido.
Saturday, July 27, 2013
TIBALDINHO
Estou em Tibaldinho.
Mais um dia talvez.
A intenção é voltar breve.
Aproveitando as pausas que só tenho aqui, reli alguns textos do início deste blog.
A certa altura, a propósito de um amigo que ia para Roma, escrevi qualquer coisa como "Tenho saudades de Roma. (...)
De certo modo estamos sempre nos lugares que amamos."
Estamos.
Sempre nos lugares que amamos.
Thursday, July 25, 2013
VAMOS À NOSSA MERENDA, PRIMO FERNANDO ESTEVES?
Esta foi a última pergunta/convite que me fez, primo Fernando.
E suspeitávamos os dois que era a última.
Engano enorme.
Nenhuma das suas palavras, nenhuma das suas causas, dos seus afectos, dos seus sorrisos será último.
Bem-haja, como sempre disse.
Bem-haja por tudo.
Parece que vou amanhà ao seu enterro em Tibaldinho.
Só parece.
Da janela do escritório, suspeito sempre a vida da sua casa.
Ao alcance do abraço.
Do sorriso tranquilo.
Da novidade de todas as manhãs de Tibaldinho.
Sempre
Saturday, July 20, 2013
DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA
No meu país, através da televisão ou das rádios, oiço perplexa cada um dos dirigentes partidários ou dos seus porta- vozes que TODOS ELES ESTÃO DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA. E realmente não consigo ver, não consigo medir, não consigo pesar a consciência de ninguém. Mas consigo vislumbrar a falta, a fome, a inquietação, o desespero, o nada. O nada aonde chegou o meu país. Aonde também eu deixei chegar o meu país. E NÃO ESTOU DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA.P
Thursday, June 27, 2013
Sunday, June 16, 2013
PRONÚNCIA FRANCESA, OBRIGATÓRIO
E se António José Seguro aprendesse um pouquinho só de pronúncia francesa? Verdade que nunca tive assim nenhum aluno! É claro que não.
Monday, June 10, 2013
CASA DO ALENTEJO
Pois foi uma surpresa cheia de emoção quando hoje vi e ouvi que «A Casa do Alentejo» comemora hoje 90 anos. Verdade que foi aí, há cinquenta anos e uns meses, a festa do nosso casamento. Uma bela notícia. Uma bela festa. O início de uma bela vida. E a casa é linda. Nós gostámos.
Sunday, June 09, 2013
QUANDO SE TRANSFORMA O AMADOR NA COISA AMADA
Para reflectir que acontece, que pode acontecer "quando se transforma o amador na coisa amada"?
Saturday, June 08, 2013
O HOSPITAL E AS SARDINHAS
P'ra levar um sorriso a uma amiga, fui ao hospital, como se fosse a primeira vez depois "daquilo tudo". Naturalmente, há-de ser sempre a primeira vez depois "daquilo tudo". Bem me parece que hoje preciso muito de rir e de sorrir. Talvez umas sardinhas na "Cervejaria Europa". Deve ser isso mesmo. Umas sardinhas ...
Saturday, June 01, 2013
TOMARA QUE A SENHORA NÃO PERCEBA
Um dia fantástico. Sair de casa é vital. Um café e uma água no Ruacaná. A seguir vou fazer uns pagamentos na CGDepósitos.
Entro. Uma senhora bem idosa e bem perdida. Que o neto lhe tinha levantado a pensão. Mas que já não tinha senão umas moedas . A caderneta na mão. Ilegível. Amachucada. Não consigo metê-la na ranhura. Percebo que a D Augusta sobrevive, nem sei como, dos roubos dos netos. "São muito bons" afirma. E volta a afirmar. "São muito bons". E vive os dias.
Thursday, May 30, 2013
28 de Maio de 1926
Um conselho, sobretudo para mim.
Uma viagem até 28 de Maio de 1926.
A História que é bom lembrar.
Para melhor percebermos.
Para melhor nos percebermos.
E interrogarmos.
Wednesday, May 15, 2013
FESTIVAL DE CANNES
O Festival de Cannes em nossa casa é e foi sempre um vôo de alegria, janela para esse outro olhar a que o cinema sempre nos convida.
Nunca fomos. Nem o Manel. Nem eu. Mas foi sempre «como se...».
Hoje inicia-se este Festival. Hei-de acompanhá-lo de perto.
E, na aparente estranheza das palavras, tenho muitas saudades do Festival de Cannes.
Saturday, May 04, 2013
CAMILO PESSANHA, em véspera do Dia da Mãe são estas as palavras que aqui quero deixar
"Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho/onde esperei morrer, - meus tão castos lençóis-?/Do meu jardim exíguo os altos girassóis quem foi que os arrancou e lançou no caminho?/Quem quebrou (que furor cruel e simiesco!)/ A mesa de eu cear, tábua tosca de pinho?/ E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?/ - da minha vinha o vinho acidulado e fresco.../ Oh minha pobre mãe!...Não te ergas mais da cova./ Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova .../ Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve./ Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais./ Alma da minha mãe ...Não andes mais à neve/ de noite a mendigar às portas dos "casais"."
Thursday, May 02, 2013
Esperamos o quê do comunicado de Passos Coelho?
Não espero nada.
Temos mais que razões para não esperarmos nada.
Este senhor ainda espera a nossa boa vontade?
Não pode esperar.
Não pode.
Há uma espécie de loucura avulsa e sem rumo que nos impóe cortes, cortes, cortes ...
Para quê?
E até hoje para quê?
País sem luz.
Friday, April 26, 2013
SILÊNCIO
Finalmente, gosto do silêncio.
É enfim que escrevo.
Leio.
Penso.
Devagar.
Fundo.
Fazes-me tanta falta, sim.
E tão tarde aprendo o silêncio. Onde te escuto.
Nos escuto.
Falamos como sempre.
Os dois.
E é muito bom.
Thursday, April 25, 2013
25 ABRIL I
Com uma ânsia semelhante àquela com que liguei a rádio na madrugada de Abril, logo de manhã carrego no comando da televisão e vejo, revoltada, como primeira notícia, A PRISÃO DE ISALTINO MORAIS. Até parece que dá jeito. E ENTÃO EM SEGUNDA NOTÍCIA,ENVERGONHADA, «COMEMORA-SE HOJE O 25 DE ABRIL». Pois...
Friday, April 19, 2013
ANTÓNIO MARIA
António, quando tudo e todos se preparam para festejar contigo a tua Primeira Comunhão, quero dizer-te que sempre é verdade que "O mistério está todo na infância". A avó Teté, só ao fim deste tempo todo, é que acredita nisto. É uma descoberta que se faz muito devagarinho."O mistério está todo na infância." E envolvemos-te de amor e ternura. Que bom, António!
Monday, April 15, 2013
DUAS NOTÍCIAS
Notícia 1
A filha do presidente de Angola é a primeira mulher bilionária africana (1000 milhões de dólares)./
Notícia 2
A UNICEF precisa de 4 milhões de dólares para salvar as crianças angolanas subnutridas.
Saturday, April 13, 2013
SÓ A FOTOGRAFIA ..
É no rosto que se vê. Eu teria apostado que estava tudo igual. O mesmo sorriso aberto. Brilhante. E só quando um amigo me deu uma fotografia deste tempo-agora, percebi "que não estava tudo igual". Um sorriso sim. Sereno. Num olhar a que falta/a que faltas.
Procuro e encontro a vida. Nas ruas que percorro. Nas pessoas que as cruzam. No gesto. No abraço. No livro que vou lendo como se alguém fosse ouvir um comentário. E no filme que vejo. Aí guardo as palavras. Onde guardo as palavras?
A vida vale. E muito. Só que tudo parece o arroz doce que a minha mãe fazia. Procuro ser eu agora. E ponho os mesmos ovos. O mesmo arroz. O mesmo leite. O mesmo açúcar. Mas não sai o mesmo doce.
Tuesday, April 09, 2013
E SE NOS FALTASSE O QUE NÃO É NECESSÁRIO?
A propósito de um telefonema que um dos meus filhos fez movido pela amizade, alguém me disse que não lhe parecia que tal telefonema tivesse sido necessário.
Não vou aqui, nem em lado nenhum, imaginar o que leva uma pessoa a tal comentário.
Mas deixo a todos esta pergunta - COMO SERIA A VIDA SE NOS FALTASSE O QUE NÃO É NECESSÁRIO?
O amor, a amizade, a memória, uma flor, uma carta, uma fotografia, um filme, a música, o sino, um nome, o céu, a Via Láctea, o cheiro, um sorriso, uma lágrima.... o que é que é necessário?
Sunday, April 07, 2013
BOUTIQUE DOS LEITÕES EM CAMPO DE OURIQUE
Não consegui postar uma fotografia.
Mas é mesmo tão giro. Aqui. Em frente à nossa casa.
Eu ia vendo o espaço que se remodelava. Nao sabia o que iria aparecer.
Ontem abriu. Boutique dos Leitoes. Três mesas cá fora. Cadeiras. Apetecível. Não fui, que estas coisas quando abrem, bem ...
Hoje entrei. Julguei que nao podia comer nada, mas uma senhora logo me ofereceu um pãozinho com recheio de leitão.
E eu que sou difícil, achei mesmo muito, muito bom. Comprei uma caixinha com oito destes pãezinhos congelados. Ficam na arca. Depois, p´ra se comerem, uns minutos no forno.
Não tenho nenhuma cota nesta boutique.
Mas tenho no meu bairro.
CAMPO DE OURIQUE.
Aconselho uma visita.
Tuesday, March 19, 2013
TESOUROS
Hoje, Dia do Pai, quero dizer o meu Pai, o meu sogro, realmente um Pai e o Manuel.
Entre papéis pequeninos, encontro um poema que um dos nossos filhos escreveu ao Pai.
E partilho-o:
« O pano cai,/
ao fundo o sonho,/
ao lado alguém/
com ele caminho/
o sonho mais perto/
com ele pressinto/
o fundo decerto/
não pode fugir,/
não pode sair/
e não sai./
No sonho entrámos./
E ao lado? Meu Pai.»
Tuesday, March 12, 2013
O INÍCIO DO CONCLAVE
Sim, emocionei-me ao ver e ouvir o colégio dos cardeais quando cantaram a Ladainha de Todos-os-Santos mesmo antes de iniciarem o Conclave.
Aí somos muitos. Somos todos.
Tanto o Manuel e eu gostávamos e gosto de festejar a Festa de Todos-os-Santos.
Sim. Acrescentei «S Manuel Frazão, rogai por nós».
E tantos.
Tantos
Wednesday, February 27, 2013
POEMA A GALILEU
Tão actual.
Sempre a distracção parece sedutora.
Pensar, procurar, buscar a verdade parece incómodo, irritante.
A ver se consigo postar um vídeo de António Gedeão (Rómulo de Carvalho) que diz o poema
E não consigo ....
CORAÇÃO DE MISERICÓRDIA
Transcrevo a Oração da RR do pe António Rego.
Aplaudo-a.
Bem preciso, bem precisamos que se faça nossa.
«Prontos para apanhar as pedras
foram cercando a pecadora
A morte era o castigo justo pelo pecado
Condenar, condenar à morte mesmo antes
de qualquer sentença
ou melhor, a sentença foi dada
antes da confirmação de qualquer transgressão.
É réu. E basta isso para condenar à morte.
Em boa verdade, o que falta aqui
é apenas um coração de misericórdia.
E quem sabe em verdade o que é a misericórdia
és tu. Apenas tu.
Todos os nossos corações estão viciados pela justiça estreita
que acaba por não ser justiça
por lhe faltar a medida da misericórdia.
Tem piedade de todos.
Sobretudo dos que não se aceitam como pecadores...»
Pe. António Rego
Monday, February 25, 2013
A NOITE DOS ÓSCARES
Sempre esta noite assim.
Faz-me falta o teu entusiasmo.
Só que o cravaste em mim.
E, é claro, fico.
Sei que antes do final, eu hei-de adormecer. Foi sempre assim.
De manhã, carrego no comando se tiver apagado a televisão.
Num relâmpago, a imagem.
E como disseste ao André e hás-de dizer-lhe sempre e hás- de dizer-nos sempre "vê para lá da imagem".
É bom que o nosso neto Francisco fique a ver!
Todo o passado e todo o presente nos diz a eternidade.
Sunday, February 24, 2013
A VIDA
"A maravilha que é estarmos entre os vivos, na vida" David Mourão Ferreira"
Oiço-o, vejo-o, leio-o, digo-o verso a verso,
cheiro-lhe o cachimbo e a voz.
E quanto aplaudo!
Saturday, February 23, 2013
FOGUEIRAS DA INQUISIÇÃO
Não, não é só a comunicação social ( a revista Visão deve ter vendido muito bem. É desonesto)
As fogueiras da Inquisição existem.
Para calcar.
Para destruir.
Para matar.
E o senhor, D. Carlos Azevedo, lembra-me Galileu.
Com dor.
Thursday, February 21, 2013
D. Carlos Azevedo
Sempre admirei D Carlos Azevedo.
E admiro.
Não há sensacionalismo mediático que possa destruir a pessoa de D. Carlos, creio.
Em que inferno deixamos que nos lance a comunicação social?
Monday, February 18, 2013
PRÓS E CONTRAS
Ontem, João César das Neves, exaltou-se e prestou um muito mau serviço à Igreja.
Na verdade, cada vez mais tenho a certeza de que a Igreja só precisa procurar ser mais e mais semelhante ao seu Senhor, Jesus Cristo.
João César das Neves queria impor a sua razão. Porquê?
Queria ganhar o quê?
Sunday, February 17, 2013
de Clarice Lispector
«Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É exatamente o inesperado»
Thursday, February 14, 2013
UM SOL SOBRE AS NOITES
Senhor, dá a todos nós,
o dom do sol e da paz
sobre as dores tantas,
que sufocam a vida.
QUARTA-FEIRA DE CINZAS de T S ELIOT
Havia de ter postado ontem.Sempre alguns atrasos na condição humana...E que importa?
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
(...)
Porque sei que o tempo é sempre o tempo
E que o espaço é sempre o espaço apenas
E que o real somente o é dentro de um tempo
E apenas para o espaço que o contém
Alegro-me de serem as coisas o que são
E renuncio à face abençoada
E renuncio à voz
Porque esperar não posso mais
E assim me alegro, por ter de alguma coisa edificar
De que me possa depois rejubilar
Porque estas asas de voar já se esqueceram
E no ar apenas são andrajos que se arqueiam
No ar agora cabalmente exíguo e seco
Mais exíguo e mais seco que o desejo
Ensinai-nos o desvelo e o menosprezo
Ensinai-nos a estar postos em sossego.
Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte
Rogai por nós agora e na hora de nossa morte.
Wednesday, February 06, 2013
CAMPO DE OURIQUE. FIM DA TARDE
Saio quase noite.
Perto do Pingo Doce, uma senhora que encontro no café.
Cabelo preto. Pintado. Corte moderno.
Traz até hoje a vida que talvez tenha tido e que queria.
Exageradamente zangada, mesmo irritada, fala-me de «uma amiga tão teimosa» que nem queria ir ao médico das varizes.
Bem precisamos de uma razão para os dias. De uma amiga «teimosa que não vai ao médico das varizes.
E eu «não convencemos ninguém».
E logo a seguir também eu«Até amanhâ» . Porque consumimos a curta vida em tanta pressa?
O bairro é assim. Sempre a Esperança de um amanhã.
Monday, February 04, 2013
APONTAMENTO
Ontem a dor no sobressalto de um gesto.
É que quando à noite entramos na casa de Tibaldinho, tiramos para dentro as chaves que penduramos naquele fecho do vidro.
Há quanto tempo?
Há todo o tempo.
Todo o tempo, linha infinitamente horizontal.
No dia seguinte, olhei todos os caminhos, percorri todos os caminhos.
E verdade que «te não vi em Babilónia».
Mais parece que não vi ninguém em Babilónia.
Está lá,sim, o prato com a Branca de Neve e os sete anões. E as birras p´ra comer.
E as cantigas da Tota até que a Ni e eu acabássemos a sopa.
E a colcha da cama.
E outra colcha da cama.
E até está a televisão que não condiz.
E todos os medos do corredor comprido.
E o meu Anjo da Guarda.
Está lá a bicicleta do André que logo lhe diz o sorriso e os olhos grandes.
Está lá um armarinho de miniaturas da Maria. E um peixe de pano que ela fez,
As oliveiras que entram p´las janelas e que têm sapatos pendurados.
E a Ursa Maior apontada p´lo meu Pai.
E a Estrada de Santiago apontada p´lo Manel.
Mas tu não.
Saturday, February 02, 2013
O ESPELHO
Gostei sempre de chamar «Mãe» à Mãe do Manel.
Gostei, sim. Muito.
Não é que eu tenha sido fácil,... Feitiozinho
Chamar-lhe «Mãe» foi tão natural. Nem vagamente me passou pela cabeça «que a minha Mãe sentisse isto ou aquilo».
Estávamos as três de acordo e tranquilas.
E era giro. A minha Mãe sempre «Teresinha devias assim, devias ...». A senhora «Oh Alice, ela tem pouco tempo, ela ...». E eu a respingar.
Faz-me falta. E muita. A ver se aprendia de si essa sabedoria milenar que as famílias vão acumulando.
Tenho cá a sua cómoda do quarto. Pedi aos meus cunhados se me podiam dar o espelho. E está ali, em cima da cómoda como dantes. Esse espelho onde tanta vez a vi ajeitar o bâton sempre discreto.
Às vezes, olho-me no espelho e dou um toque ao cabelo. Não é bem a mesma coisa. Mas vá lá.
É assim.
De geração em geração.
Thursday, January 31, 2013
PALAVRAS
Gosto das palavras.
Gosto muito.
Fui aprendendo a gostar.
Quero não ouvir aquelas que me ferem.
Exercício difícil.
Tão difícil.
Vamos lá tentar.
Tuesday, January 29, 2013
FUNDO SEM POÇO?
Esta manhã, ouvi a Miguel Relvas
«Não há fundo sem poço.»
Realmente,
nem curso,
nem primeira classe,
nem cabeça.
Que ouvi, ouvi.
Saturday, January 26, 2013
APONTAMENTO P´RA PARAR COM O SILÊNCIO
Fez hoje anos.
Telefonei-lhe.
Disse-me que devia estar contente e bem disposta, mas não estava.
Disse «isto» como se de um pecado se tratasse.
Como é que ainda «se deve» ou «se não deve» isto ou aquilo????
Que forças nos espartilham, sem porquê?
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