Sunday, July 28, 2013

O QUE NÃO ALCANÇAMOS

Voltar a Tibaldinho, voltar a um qualquer lugar ou apenas ir a um qualquer lugar, pode parecer e tantas vezes parece que "há-de estar lá" tal móvel, tal jardim, tal árvore, tal janela, quiçá o prato e o talher da infância ou o que resta da trave do baloiço. E pode acontecer que o móvel ainda é "aquele móvel", que o jardim lá continua e também a árvore, mais seca ou mais frondosa. Assim como a janela. E o prato e o talher e até a trave do baloiço. Mas as pessoas não. A vida. A liberdade. O pensamento. O querer tão só de cada um. As pessoas são todas o mistério. O inesperado. O insondável. As pessoas são tudo o que não cabe no móvel, não cabe no jardim, nem na árvore. Nem na janela, nem no prato ou na colher. As pessoas não cabem na trave do baloiço. As pessoas são o que não alcançamos. E que havemos de amar. Assim. Tal qual. Na aceitação do que sempre há-de ser desconhecido.

Saturday, July 27, 2013

TIBALDINHO

Estou em Tibaldinho. Mais um dia talvez. A intenção é voltar breve. Aproveitando as pausas que só tenho aqui, reli alguns textos do início deste blog. A certa altura, a propósito de um amigo que ia para Roma, escrevi qualquer coisa como "Tenho saudades de Roma. (...) De certo modo estamos sempre nos lugares que amamos." Estamos. Sempre nos lugares que amamos.

Thursday, July 25, 2013

VAMOS À NOSSA MERENDA, PRIMO FERNANDO ESTEVES?

Esta foi a última pergunta/convite que me fez, primo Fernando. E suspeitávamos os dois que era a última. Engano enorme. Nenhuma das suas palavras, nenhuma das suas causas, dos seus afectos, dos seus sorrisos será último. Bem-haja, como sempre disse. Bem-haja por tudo. Parece que vou amanhà ao seu enterro em Tibaldinho. Só parece. Da janela do escritório, suspeito sempre a vida da sua casa. Ao alcance do abraço. Do sorriso tranquilo. Da novidade de todas as manhãs de Tibaldinho. Sempre

Saturday, July 20, 2013

DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA

No meu país, através da televisão ou das rádios, oiço perplexa cada um dos dirigentes partidários ou dos seus porta- vozes que TODOS ELES ESTÃO DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA. E realmente não consigo ver, não consigo medir, não consigo pesar a consciência de ninguém. Mas consigo vislumbrar a falta, a fome, a inquietação, o desespero, o nada. O nada aonde chegou o meu país. Aonde também eu deixei chegar o meu país. E NÃO ESTOU DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA.P