Tuesday, October 31, 2006

EM DIA DE TODOS OS SANTOS

É como se em dia de Todos os santos começássemos o Natal.
Fazemos um cozido enorme.
Abrimos as mesas.
Estendemos as toalhas.
Damos vida às loiças.
Uma confusão...
E gostamos mesmo muito.
Muito.
Hoje, estou memo atarefada.
Lá vou eu...

Friday, October 27, 2006

O MILAGRE DAS COISAS SIMPLES

Gostei muito de ouvir António Lobo Antunes a dizer a importância, a magia, das coisas simples, destas que fazem a vida de toda a gente. E que estão ao alcance de toda a gente.

Aquando da morte do Vítor, um dos rapazes, o Diogo, lembrava as festas de anos do André. E os sugus.
E como sempre chamou ao Manel, «o tio Manel dos sugus», sem nunca ter percebido donde é que vnham tantos sugus. Davam para a festa toda e ainda para levar para casa, os bolsos bem cheinhos.
Realmente o Manel enchia a casa de sugus.
Pai , super pai, o Manel soube sempre e sabe o valor das coisas simples.

Coisas simples.
Só «coisas simples»?
Ou não será que é também disto que falamos quando dizemos «que é milagre»?

Thursday, October 26, 2006

«ONTEM NÃO TE VI EM BABILÓNIA» E O MILAGRE QUE TAMBÉM NOS CHEGA NUM PACOTE DE CASTANHAS

Hoje no teatro Maria Matos, em Lisboa, o novo livro de António Lobo Antunes.

O nome deste livro só pode ser milagre.
Afirma que «somos muito mais do que isto».
Muito mais.
«Ontem não te vi em Babilónia».

Como o nosso neto João Maria, na praça de Londres a reclamar castanhas assadas. Quentinhas. «Quero uma dúzia , avó.» E eu ali com ele. Numa fila de gente, à espera. Gente que revisita o sonho e a ternura num pacote de castanhas. E o homem a vendê-las.
Magia.
Sempre.

Sunday, October 22, 2006

NO CHIADO, POR CAUSA DA VIDA E DO SUPER HOMEM


Ontem o Manuel e eu fomos ao Chiado. À procura do que fosse melhor para o Manuel Maria, «mas com super homem»
Boa razão.
O Chiado foi e é «a nossa casa». A subir e a descer, namoro abaixo, namoro acima.
A Brasileira. Lá almoçámos ontem. Liturgia sempre.

Mal que lá cheguei vi um vendedor de castanhas. Naturalmente já apareceram há muito tempo e eu distraída.
E , de súbito, a lembrança presente do postal que nesta altura escrevia à minha mãe, em Tibaldinho ainda. «Mãe, volte, que já há castanhas.» As primeiras era eu quem lhas dava.
E eu e o Manuel, felizes, no Chiado.
Ao fundo, o fumo das castanhas.
Mãe...

AZELHICE


Não consigo postar nada em blog nenhum.
Três tentativas no «sopro do coração», duas em «teacher past tense».
Desde ontem.
A ver se as competências melhoram.
Entretanto, ficaram as palavras... Mas é como se tivessem ido.
De tentativa em tentativa.
Como a vida.

Saturday, October 21, 2006

DATAS TÃO ESPECIAIS


Hoje ... o André faz anos de ter sido baptizado. Lindo, o nosso menino. De branco, de calças de malha como um rapaz, e já carequita. Foi ao meu colo, contra a vontade do sacristão que dizia «ao colo da madrinha», a tia Zé, e eu, teimosa sempre, que não, «ele é meu filho, sou eu que o trago à Igreja». Uma alegria. Grande.

Amanhã o Manuel Maria faz cinco anos! Viva o Manel, a quem prometi e ainda não dei uma gelatina e um passeio de eléctrico.
O Manuel, o nosso quarto neto nasceu na véspera da operação ao coração do avô Manel.

No dia seguinte à operação, quando cheguei ao hospital, junto às pouquíssimas coisas que uma pessoa tem nos cuidados intensivos, já lá estava, levada pelo André, a fotografia do lindíssimo Manuel.

E anda assim a vida. De gesto em gesto. De mão em mão.
Graças a Deus.

Thursday, October 19, 2006

PORQUÊ UM REFERENDO?

Sobre a interrupção voluntária da gravidez?
Porquê?

E não o que é, com urgência, óbvio?
Tão óbvio.
Porquê um referendo?

RE-ORÇAMENTAR

Tenho uma atracção estranha pelos orçamentos.
Verdade!
Aquela coisa «tira daqui e põe ali» e o ordenado dividido em envelopes quando nos casámos (geralmente por esta altura do mês era preciso «ir a outro envelope»), acabava por me estimular.
Mas agora quero lembrar-me mais do que de nós, de tantos que habitam a cidade e tem só aquele calorífero horrível, porque não podem ter outro. E gasta tanto. Quero lembrar-me do valor real das reformas. e da conta da farmácia, mas qual conta, quando não se pode mesmo comprar nada.
Re-orçamentar, como?
Os velhos e os pobres estão a inflaccionar muito, não estão?

Monday, October 16, 2006

LIGAR PELO TELEMOVEL PARA QUEBRAR A SOLIDÃO

A Lisette, oitenta e tal anos, a morar na Maria Pia, a subir até cá acima todos os dias «para não enferrujar», a fazer bonecos de crochet, que nos vai dando no café da Ana, e por aqui e por ali...Tem estado doente e abatida. Com zona, disse ela.
Mas continua a vir sempre.
Ontem, domingo, o café fechado, liguei-lhe pelo telemóvel.
E ela «vocês são uns amigos que não sei agradecer».
«Lisette, que disparate.»
Resposta «Quando alguém se lembra de nós, temos que agradecer. Principalmente se vivemos sozinhos, como eu.»
Lisette, um beijo enorme.
E não nos deixe distrair de tanta coragem que é a sua. De tanta solidão.
Para eu lhe ligar mais vezes. Muitas vezes.
Pudéssemos em cadeia ligar a todas as Lisettes.
Deixo aqui um pedido. E um propósito para mim - um telefonema por dia para quebrar a solidão, OK?

Sunday, October 15, 2006

HOJE

Para o dia de hoje, dou-me esta espécie de ordem: «ser feliz».
Gostar deste dia, como ele acontecer.
Sem nada esperar.
Hão-de repetir-se as tarefas quotidianas, género cozinha, roupas, umas voltas a pé, uma voz do outro lado do telefone, umas malhas e sempre palavras, no computador e nas várias agendas e blocos que espalho pela casa.
No dia de hoje, «ser feliz».

Monday, October 09, 2006

O SENHOR PEDRO E ALBERTO JOÃO JARDIM

Vim até aqui.
Do outro lado da parede, a televisão.
Além do berreiro do sr. Alberto João, oiço agora na TVI «menina Ruth, Carla e Diana(?), como sabem vão passar uns dias com o senhor Pedro».
No nosso bairro o senhor Pedro é um senhor que tem um café com esse jeito dos cafés de Campo de Ourique.
Ouvir na televisão « o senhor Pedro» a propósito de um suposto milionário e de umas meninas...
Não estou em mim.
Não estou mesmo.
Revoltem-se todos.
Mobilizem-se mesmo.

Wednesday, October 04, 2006

DAS MÃOS DADAS

Deixo aqui, como se fosse para mim, o que a Margarida um dia me escreveu:

«Das mãos dadas
talvez o fogo nasça...»

E lá vou enfrentar o dia
a vida
promover um café, qualquer coisa, porta e mesa abertas, para juntar os primos
e sorrir.

Monday, October 02, 2006

VÍCTOR DE MELO BARRETO, MEU PRIMO IRMÃO

Não quero queixar-me da tua morte.
Foi brutal. Mas estavas a caçar, coisa de que sempre gostaste. Talvez nem tenhas dado por isso, Víctor.
Hoje, quero, da forma que puder, envolver-te em ternura.
Vou estar na igreja à espera do teu corpo morto.
Vou chorar e sorrir com a Carmen, com a Mizé, com as tuas meninas e com os rapazes. Com os teus netos também.
Vou sorrir.
Nós dois vivemos uma hitória bonita, Víctor. Tão cheia de ternura.
A minha mãe contava que a nossa avó Alice te fez um enxoval de príncipe.
E o meu pai exaltava-se a ver-te jogar no CACO, quando te chamavam «ó careca».
Víctor, tanto afecto!
Que bom que tudo isso foi.
Vou sorrir.
Sei que hás de gostar.

DEVOLVER O QUE LHE NÃO PERTENCE

Ouvi que a EMEL vai ter que devolver um euro e pouco, por ter cobrado incorrectamente um tempo extra de estacionamento.
Fico bem contente.
Não pelo euro e pouco. Mas porque começamos talvez a não calar.
Coisas de nada. Um euro e pouco. «Coisas» que valem por si.
Às vezes incomoda, sobe-nos a tensão. É que o marasmo à nossa volta, é imenso. Género, «não vale a pena».
E o que é que não vale a pena?