Friday, April 28, 2006

DE VOLTA

De volta!
Que alívio!
Bem hajam pelas visitas e pelos comentários.
Tudo correu bem, graças a Deus.
As pernas andam mesmo.
Com umas meias elásticas giríssimas.
Dignas do José Castelo Branco.
É melhor, voltar a escrever amanhã.
Para não desatinar e descansar as tais pernas operadas.

Wednesday, April 26, 2006

RENDI-ME

Pronto, eu que não sou de «rendições», lá aceitei esta.
«Não é um caso de vida ou de morte», disse-me o médico «mas não há outra coisa a fazer.»
Com um bocadito de medo. Só um bocadinho. Mas rendi-me.
Lá vou eu ser operada às varizes. É que pesam e doem. No Verão , ... custa mesmo.

E lá para sexta ou sábado cá estarei a dar notícias.
E desejosa mesmo.

Tuesday, April 25, 2006

MANHÃ

O telefone tocou muito cedo. E uma voz « que era melhor as crianças não irem à escola. Parece que havia uma revolução.»

Tento acordar o Manel «Liga o teu radio-despertador (ainda é o mesmo…). Há uma revolução.»
Nada acorda o Manelinho. «Não há nada. Deixa-me.»
Ao fim de muitas palavras, lá consegui.
A seguir, os dois na sala.
Televisão ligada.
E dois rádios portáteis.
Pelas oito horas, dois pijaminhas ensonados «Hoje não vamos à escola?»

Depois, foi todo o dia a tentar explicar, a tentar perceber.

E às duas da tarde, apesar da idade e das recomendações para que ninguém saísse, chega feliz o meu sogro, a pé desde a Estrela, «Manuel ,nunca pensei chegar a ver isto»
Gosto de chamar-lhe «pai».

Agora, vou já pelo meu bairro. E compro cravos. Vermelhos.

Monday, April 24, 2006

VINTE E QUATRO DE ABRIL DE 74

Lembras-te, Manuel?
E tu, Maria lembras-te?
E tu, André?

Tinhas ido a um jantar no Casino Estoril, qualquer coisa da Tofa…
Não esperei por ti. Deitei-me e adormeci.
Chegaste muito tarde. Pela madrugada.
Ouvi vagamente dizeres que no regresso tinhas visto uma coluna de blindados a subir a auto-estrada.
Continuei a dormir.

Nessa altura tudo era suspeito e nada era suspeito.
Geralmente ficava sempre tudo na mesma.
Na mesma.

Thursday, April 20, 2006

VÁ LÁ ...

Gosto de me lembrar.
Hoje o pai do Manuel faria anos.
Na minha desarrumação, encontrei as fotografias dos cinquenta anos de casados dos meus sogros. Surpreendentemente, o Manuel disse-me que não queria ver, que lhe fazia impressão.
Não é o teu género, Manuel.
O que é que não queres ver?

Vá lá, dá-me lá essa tua/nossa mão.
Deixa que aí vá passando a vida toda.
Com as lembranças.
E também com os sonhos.
E que tudo renasça.

Vá lá, podes talvez ver as fotografias desse dia
E ver a vida toda, toda.

Sunday, April 16, 2006

ALEGRIA

Recebi mesmo agora um telefonema.
Do lado de lá «Para vos agradecer o que me têm ajudado.»
E eu, espantada
Quem é que ajuda quem, quando nos sentamos por aí, à volta de uma mesa qualquer, só para dizer a vida?
e às vezes, tantas vezes, a vida é menos fácil?
Quem é que ajuda quem?

DIZER A ALEGRIA

Enviámos assim estas palavras, por SMS

«Também na Páscoa gostamos de dizer alegria e amizade.«

E ficam também aqui para todos os que visitam este blog.
Com uma recomendação sobretudo para mim,
Procurar com os ouvidos atentos e os olhos bem abertos as razões de alegria.
De forma muito simples.
Nas ruas do meu bairro, ... por aí.
Por aí.

Saturday, April 15, 2006

GOSTO DA PÁSCOA

Gosto da Páscoa.
Muito.
Gosto deste dia, sábado, deste silêncio que às vezes pesa.
Gosto deste tempo de esperar,
de ver enfim que o grãozinho semeado já germina.
E ainda que não entenda, gosto de dizer e voltar dizer que morrendo se nasce.
À meia noite acendemos uma vela nova.
Rezamos a oração da mãe judia. «Abençoado sejais, Senhor nosso Deus, que nos conservaste a vida até ao dia de hoje.»
Amanhã vamos comer cabrito a S. Martinho, a casa do António Pedro.
Gosto da Páscoa.

Thursday, April 06, 2006

MÃE

Para lhe dizer, mãe, que hoje vi outra vez a sua letra.
Numa receita de pudim flan para eu fazer ao Manel. (lembra-se aquele segredo que só me deu a mim «depois pões uma colher de café de maizena, um quase nada, para que não se desmanche tudo»).
Guardo aquele papelinho. E o segredo.
Guardo.
É pena mesmo que a gente só diz a ternura assim, tanto tempo depois.
Mas é bom encontrá-la.
E é bom dizê-la.
Ainda que nos pareça tão tarde. Ou mesmo inútil.
Mas não é.
A vida torna-se enfim serena.
E ficamos bem mais perto do que é esssencial. A ternura.

Wednesday, April 05, 2006

ANTÓNIO LOBO ANTUNES/ANA SOUSA DIAS

Ontem, vi a entrevista de Ana Sousa Dias a António Lobo Antunes.
Mas não quero chamar-lhe «entrevista».
Não quero dar nenhum nome.
Foi, é, qualquer coisa de tão grande e de tão dentro.
Quero agradecer.
Às vezes, também nos entram pela televisão momentos destes.

«-Só mais um minuto, senhor carrasco.» ( de Maria Antonieta).
Só mais um minuto...
Só mais um minuto...

VICTOR MELO BARRETO, PRIMO-IRMÃO

Telefonaste «É o teu primo.»
E a gente a só se ver nos enterros e nos casamentos.
Tentei outro nome de um primo do Manuel.
E tu «Tens outro primo sem ser eu?»
Lá vieste direitinho à memória e ao coração
O querido sobrinho do meu pai.
O «careca» do hóquei no CACO.
O companheiro de todas as caminhadas. Das mais difíceis e das outras. De todas.
Que vais fazer quase setenta anos.E queres festejar. Com amigos. Com a família pequena que temos.
Agendado Víctor. Contentíssima.
Festejar a vida.
Enquanto estamos vivos.
Sempre ao teu lado, sempre.
Lembras-te , na morte do teu pai? Na morte dos meus pais?
E depois a festa dos meus sessenta anos?
E este«feitiozinho Melo Barreto», que temos os dois... chato para nós, chato para os outros. Defeito de fabrico, reconhecido humildemente.
Lá estarei.
Vou levar aquele horrível bibe de folhos que a minha mãe me punha. Com o bolso cheio de rebuçados de mentol.
Emprestas-me as tuas botas patins. Não caio. Não caio mesmo.
Lá estarei, Víctor Melo Barreto.
Querido. Único primo.
Irmão.

Sunday, April 02, 2006

O QUE NASCE CADA DIA

Hoje o Manuel pôs um grão pequenino num frasco de vidro transparente.
Voltou a fazer um gesto da infância.
Um gesto curioso e confiante.

Agora é preciso espreitar
com muita atenção
o que vai acontecendo
cada dia.

E fazê-lo a vida toda.

TEACHER=SIMPLE PAST

Gosto tanto do nome deste blog!

Mas não é «simple», pois não?

E se a gente quisesse mesmo aprender de novo,
fazer deste «past» um «agora», que apenas é diferente.
Se a gente aprendesse o gosto desta diferença...
Daqui mando uma forcinha. Entusiasmada. Companheira.
De linha paralela.

JARDIM DA ESTRELA

Costumao andar por aí, a ver se emagreço os tais duzentos quilos que tenho a mais (hipérbole, OK?)
Ontem o Manel surprendeu-me.
«Vou contigo».
«Aonde?»
«Olha, até ao Jardim da Estrela.»
«Boa!»
Lá fomos.
Bem contentes.
Encontrámos o pe Ismael (um rapaz super simpático, mais novo que os meus filhos) a fazer exercício,
a incentivarmos,
a dizer até que eu já tinha emagrecido.
E eu e o Manel a percorrer os caminhos onde namorámos. Tanto! Às escondidas. Nessa altura, claro
Bem bom.
A ver se repetimos.
Gostámos tanto!