Monday, December 28, 2015

Que é a morte senão esse buraco escuro sem retorno?
E esse medo?
Esse medo que paralisa o dia?

Sunday, November 22, 2015

 O Amor há-de ser na vida como o ambiente de trabalho no nosso computador.

Tuesday, November 17, 2015

Monday, November 16, 2015

O MOSTEIRO DO LORVÃO MEMÓRIA DE AFECTO

Disse "vou ver a visita guiada. É sobre o Mosteiro do Lorvão."
O Bernardo ouviu e logo "Fomos lá com o avô."
Verdade.
"Fomos" neste plural é o Bernardo e o Francisco.
Tal qual.
Lembra-se. E lembra-se até que lhes dissemos que aquilo estava tudo muito mal conservado.

Lemba-se.
Lembramo-nos.
A vida não passa em vão.
(...)
Agora no tal programa oiço cânticos das horas.
No tal programa.
E em mim.

Sunday, November 15, 2015

DE VOLTA, O ABRAÇO EM SMS

De volta, recebi da Ana
" um abraço para ti é para toda a humanidade.
O amor e a amizade podem combater este horror e isso nós temos de sobra."
E entro na noite com a doçura deste abraço.

Saturday, November 14, 2015

POR UM ABRAÇO

Sim, lá me aguento e gosto da vida. Muito.
Faz-me falta o abraço. O rosto, A resposta que sempre tivemos.
É assim que faço um telefonema ou envio dezenas de SMS. Na verdade é a tua voz que procuro. No outro.
Pronto, é assim. E não estou zangada com nada.

Ontem, depois das primeiras notícias horríveis de Paris, e lembrada que no ataque às Torres Gémeas cheguei à escola e a Ana e eu demos um longo abraço, abraço que temos vindo a dar  tantas mais vezes, escrevi, precisei de escrever um SMS à Ana a dizer isto em jeito de abraço . É que preciso, precisamos deste abraço. De todos os abraços.

Gostei que a Maria tivesse telefonado  ao Bernardo, eu telefonei ao André. A Ni telefonou-me.
Não há forma de não estarmos juntos.
Braços e abraços que nos salvam.

Sunday, August 30, 2015

 Em criança, julgava que no ano dois mil não mais haveria guerras, nem fome, nem injustiças.
 E parecia-me que o teu Evangelho, Senhor Jesus, tinha muito a ver com isto.

Na juventude entreguei-me entusiasmada a causas sociais e a gestos solidários. O mundo era uma rede a transformar e isso podia estar ao meu alcance.
Foi passando o tempo, foram passando os anos. E as guerras continuaram e também a fome, a injustiça, a exploração.
Passou também por mim o tempo e com serenidade aprendi que nada fora em vão. O mundo não está bem, mas está melhor.
No entanto, esta noite só me ocupa a vida dos migrantes.
As viagens e os perigos que não sei imaginar.
A busca de uma terra que dê pão.
De um braço fraterno mais forte do que os muros.
De uma cama, de um abrigo.
Esta marcha sem luz e sem alcance.
Caem os meus olhos no missal velho e leio «O Senhor sustenta os que vão cair»
E digo em oração «O Senhor sustenta os que vão cair».
E que assim seja.


Saturday, May 02, 2015

DOS TESOUROS

Não gosto de arrumar. Mas animada como estou com as obras cá em casa, lá tenho ido eu direita a papéis, livros, loiças... E é nessa aparente Babilónia que encontro tesouros, como este, palavras de Tolentino Mendonça, numa folha A4:
« Um dos caminhos necessários para a alegria é a aprendizagem da dor. Não sabemos lidar com ela. A vida em sociedade obriga-nos a escondê-la, a disfarçá-la muito bem entre os afazers, as pressas, o rumor. Nós próprios sentimos que essa educação, na nossa história, ficou por fazer: ninguém nos disse como enquadrar a dor. Não apenas a dor física, mas sobretudo a outra, a dor moral, a dor da fragilidade, a dor das nossas íntimas derrocadas. Seria preciso, talvez, começar por ver a dor não como um obstáculo, mas como um caminho.»
Pois, talvez, ....

Tuesday, April 21, 2015


Digo-tos, Senhor,
esses setecentos migrantes que atravessavam o mar rumo a Itália.
E que naufragaram.
Bem sabes
que eram homens e mulheres como eu.
Eram teus filhos
 Eram meus irmãos.
Vinham guiados pelo sonho de uma luz ou de uma estrela que rompesse a escuridão dos dias.
Guiados pela esperança de uma mão solidária e de um pão repartido.
Guiados pelo vislumbre de um lugar à mesma mesa.
Eram vítimas de guerras.
Vítimas de uma vida sufocada,
perseguida e faminta.
De uma vida ferida e expIorada.
E o que procuravam, Senhor, era apenas uma vida melhor.
Não procuravam uma vida fausta nem riqueza.
Nem poder.
Apenas uma vida melhor.
O seu lugar, o seu quinhão no mundo que para todos criaste.
Igual.
Atravessaram esse mar de esperança,
E naufragou a esperança num grande mar de morte.
E naufragou a esperança num grande mar de dor,

Digo-tos, Senhor, a esta hora.
Digo-tos sempre.
E entrego-te na noite as minhas mãos
que por dom de todos se fazem companheiras.