Sunday, September 23, 2007

ENCONTROS TAMBÉM ASSIM

Chegámos do Algarve, de Faro, de Évora...
Inesperadamente no Câmara Clara, Carlos do Carmo, de quem gosto tanto.

Sempre gostei. Sempre ouvi falar dele (julgo que era filho de um colega do meu pai, não tenho a certeza. Os meus pais falavam muito de Lucília do Carmo, ...)

Uma noite, o Manel, a Zé e eu, fomos para o ouvir. Não cantava nessa noite.

Como é que se passam estes anos todos e só os discos e a televisão?

Às vezes, os encontros são assim. E fica também certo.

Tuesday, September 18, 2007

CONFIDÊNCIA


Tento em cada dia o que a minha mãe dizia a propósito de uma receita culinária ou de uma malha, em que ela era um génio, um génio mesmo.

Eu, sempre impaciente, pedia respostas
«Explique lá»

«Quanto de açúcar, quanto de ...?»

«Mas quando, mãe?»

«Vais vendo», respondia.
Na altura, eu achava que aquilo não era resposta.

Hoje, lembro-me todos os dias deste «Vais vendo».

Lembro-me, agradecida. E sempre a ver se aprendo.

PARAÍSO, O ALGARVE


Afinal gosto tanto do Algarve, tanto!
Para o mostrar transcrevo do mail que acabei de enviar à Ana :

«Adoramos estar aqui! Tomamos banhos e tudo, coisa que já não acontecia há tanto tempo!(banhos de mar, entenda-se...)
E eu até adoro a rua de cima. Demoro por lá imenso tempo, nunca mais chego a casa. Páro em todo o lado e entro em montes de lojas onde na verdade, até ver, não compro nada. MAS É TÃO GIRO ...
Conheço imensa gente e falo com imensa gente. O paraíso, p'ra mim. Assim com gente e lojas onde há montes de coisas, com muitas cores e até barulho.
Adoro os chineses que fazem muitas vénias e até os ingleses, nem fico assim tão mal gorda como estou, porque há umas enormes...»

Monday, September 17, 2007

RECONQUISTA


Não aos Mouros.
O Algarve reconquistado pelo coração.

Esta reconquista faz-se devagar.

E faz-se com caminhadas.
Primeiro a medo, género «Vamos lá ver se a gente gosta». Na noite da chegada a praia percorrida a pé.
Depois sozinha. Ainda «Vamos lá ver».
E de volta «Ó Manel, ísto é mesmo fantástico!»

Hoje, pela beira mar e já o Manel se encharcou quando deu um malho para ajudar um pai a tirar os calções da criancinha.
Agora, quase seis da tarde, lá vamos outra vez...

Thursday, September 13, 2007

ALGARVE, TRINTA E TRÊS ANOS DEPOIS


Lá vamos afinal.
O médico disse que eu precisava de ar do mar, que é como quem diz, melhor, dizia «que eu precisava de ir a banhos».

O Algarve foi em 74 uma experiência daquelas que nos fazem nunca mais voltar.
Agosto de 1974 foi mesmo muito mau (dizem-me que Agosto continua assim).
Aquilo já era nessa altura a enorme barafunda de «imensa gente», «montes de gente» em todo o lado, quando eu ainda nem sonhava o que eram as enchentes dos centros comerciais, que detesto.
Nada desse tempo se pareceu com «férias». Antes uma canseira.

Eu em Tibaldinho a vida inteira, a aldeia sossegada, a aldeia toda como a nossa casa, sem filas para nada, com o tempo alargado ..., risquei a vermelho o Algarve de todos os programas ( voltámos lá acidentalmente num Maio qualquer, longínquo).

Agora vamos.
A ver se a cabeça e o coração me vão dizer que vale a pena.

Sunday, September 02, 2007

REGRESSO




Regressar de Tibaldinho já não é de comboio. (eu gosto tanto de comboios). E muito menos é «estar quase a chegar» porque passávamos esse túnel tão comprido e tão escuro, sinal de que estávamos quase na estação do Rossio. E no Rossio, eu cheia de sono e a minha mãe «Teresinha, olha os anúncios». Era a Singer, que me lembre e as rodas da máquina de costura brilhavam e giravam.

Hoje, nós de carro. Para animar paramos numas áreas de serviço com preços proibitivos. E às vezes, lá tento, «Manel, talvez almoçar em Leiria, sai num sítio giro, não temos pressa». Ou compro o jornal que nunca leio. Ou uma revista qualquer com a colecção Outono-Inverno.

Mas é um regresso. E como aos meus netos apetece-me um caderno novo, branquinho, um lápis giro.
Logo se verá.