Saturday, March 31, 2007

SE É QUE HÁ PENSAMENTO...

Dou umas lições. Tento continuar a pensar e mitigar as saudades da escola. Não é igual. Mas é bom.
A minha vida até agora tem dito sempre de tudo «Gosto muito».
E gosto sempre muito. De tudo.
De forma apaixonada.

É um jeito meu. Mas é também um jeito da minha geração.

Uns dias antes das férias da Páscoa, comecei a estudar com dois rapazes do 9ºano a estrutura d’«Os Lusíadas».

E sem que eu entenda porquê, perante a urgência de consolidar este trabalho nos tais dias sem aulas, telefonaram-me os pais de cada um, «que o X já tinha as férias marcadas, que não sei quê...»
E eu «Mas ele tem prova nacional. Explicação não é varinha mágica.»

Já nem digo que falamos linguagens diferentes. Duvido até que as palavras ainda expressam pensamentos.
Se é que há pensamento…

Wednesday, March 21, 2007

DA POESIA

Antes que o dia se preencha de tarefas e eu à espera das palavras ajustadas para dizer que este dia, sim, este dia vale a pena, fica só o título que lhe dei,
fica o desejo de que tudo, mas tudo, hose e sempre, seja POESIA, daquela, como dizia a Natália, QUE É PARA COMER.

Tuesday, March 13, 2007

O ESTADO DA NAÇÃO

É que é só ver o novo programa da TVI «A Bela e o Mestre»!!!

Depois, talvez um anti-depressivo assim dos bons para nos aguentarmos por aí.

Saturday, March 10, 2007

TORRADEIRA VIRGEM E OUTRAS VIRGINDADES

Estrgou-se a torradeira que o André nos deu pr'aí há vinte anos.
Estragou-se há seis meses.

O Manel, que adora torradas, foi logo comprar uma. Torradeira últimmo grito.
Mas estamos há seis meses à espera que ele leia as instruções. parece que é preciso estar montes de tempo ligada, antes de usar.
Isto para nós, é o símbolo da impossibilidade.
Lá está ela na cozinha. Linda!
Mas virgem
E nós a comermos torradas pelo bairro.

Temos de certeza uma tendência para deixar tudo assim. Virgem. Sem uso. Na mesma está a câmara digital que o André deu ao pai no dia de anos... Dezembro, 23, 2006!!!

Quem é que acredita na mudança?

NÃO CONSIGO RESPONDER A ALGUNS COMENTÁRIOS

Também eu gosto de responder a todos os que por aqui escrevem um comentário, dizer-lhes um bem-haja, dizer que li, que assim ou que assado.
E esbarro com uma série de dificuldades.
Hoje, gostava tanto de ter respondido a NO PAÍS DAS MACIEIRAS. mas lá vinha aquela confusão.
Fica um protesto (protestar a vida inteira, é cansativo, mas ....) E para todos, a certeza de que os leio com atenção e gratidão.
E também de que o meu dia se torna logo mais feliz.

Thursday, March 08, 2007

CINQUENTA ANOS DA RADIO TELEVISÃO

Pois lembro-me de tudo.
E nós com tanto para contar sobre esta fantástica caixa mágica.

O meu pai foi o primeiro morador de Campo de Ourique a comprar um aparelho de TV.
Como resultado, serões todas as noites com imensos amigos.
Sempre razão de festa.
No Verão – tentem ver o filme! – o meu pai virava o aparelho para as traseiras do prédio e nós todos nas escadas de serviço.

Saber que o Manuel e eu nos conhecemos em casa da Maria Armanda Falcão (depois, Vera Lagoa)!

E o que o Manuel trabalhou a vida inteira naquela casa. As traduções do Gato Félix, os anúncios da Tofa (vá lá, lá passaram os jingles da Tofina e do Mokambo!) e depois durante quinze anos, o «Setenta vezes Sete».

Os serões dos festivais, com totó-canção, a ida à Lua a noite inteira, as crianças ao colo do pai.

O Vinte e Cinco de Abril entre a esperança e o medo.

Hoje, não gosto de muita coisa. De muita mesmo.

Mas tenho um grande, um enorme BEM HAJA para dizer à Rádio Televisão Portuguesa.
Faz parte de mim.
Faz parte de nós.

SOMENTE IGUAIS

Porque é que me irrito com este Dia, chamado «dia internacional da mulher»?

Talvez por causa da utopia de «sermos iguais».
Tão só iguais.
Esse desejo humilde.
Apenas isso.
Iguais.

Monday, March 05, 2007

COMO SE APENAS ATRAVESSÁSSEMOS O MUNDO SEM OLHAR

De Teresa de Calcutá deixo por aqui esta inquietação que tanto dói.

«Estamos nós prontos para partilhar os sofrimentos dos outros, (...)?
Parece-me que a grande miséria e o sofrimento são mais difíceis de resolver no Ocidente.
Ao encontrar alguém esfomeado na rua, oferecendo-lhe uma tigela de arroz ou uma fatia de pão, posso apaziguar-lhe a fome.

Mas aquele que foi pisado, que não se sente desejado, amado, que vive no medo, que se sente rejeitado pela sociedade, esse experimenta uma forma de pobreza bem mais profunda e dolorosa. E é muito mais difícil encontrar remédio para ela. (...)As pessoas estão ávidas de amor.
Será que vemos isso quando o nosso olhar se passeia sem se fixar?
Como se apenas atravessássemos o mundo...»

Sunday, March 04, 2007

TABOR


«Esta busca constante do belo é o que mais nos aproxima do absoluto»

Ouvi ontem, fim da tarde na cidade.
E julgo que entendi, ao menos em parte.


Sei muitos poemas de cor. Muitas palavras.
Foi então que me lembrei deste que guardo desde menina, julgo que de Mário de Sá Carneiro:

«Um pouco mais de sol e fora brasa
Um pouco mais de azul e fora além
Para atingir faltou-me um golpe de asa.
Ah, se ao menos eu permanecesse aquém!»

Nunca quis «ficar aquém». A vida toda.
Sabendo como dói «o pouco mais de sol» que falta, «o pouco mais de azul» que não alcanço.

Mas já lá está.
Inteiramente em mim.
Porque sonhado, querido, tentado a custo.

Cravada a dor de nunca alcançar.