Friday, April 25, 2008

CHEGA O DIA AO FIM

E deixo tantas tarefas por cumprir.
E eu com dificuldade em aprender que é preciso deixar tarefas por cumprir.

Bom mesmo foi a tal senhora que me vendeu cravos e me disse há trinta e quatro anos que os vendo.

Bom foi um senhor ainda mais idoso do que eu a comprar-lhe um molho enorme.

Bom foi um amigo que, já eu quase em casa, atravessa a rua para me perguntar Onde é que compraste esses cravos.

Bom foram os comentários que me escreveram (a propósito Joana, sou tão incapaz que não consigo postar-lhe nada ...)e as postgens que li.

Bom, o cafezinho com a Z em honra do 25 de Abril.

Bom o casamento do Vítor Esteves, hoje, cm Tibaldinho e com muita festa.

Para todos e por tudo, os cravos ali na sala em lugar de honra.
Hoje
e
Sempre.

25 DE ABRIL HOJE


Quero sair p'rá rua.
Quero ver como «se anda por aí» (esta expressão não me parece muito bem...)
Quero dizer que vale a pena
Quero que o 25 de Abril seja hoje

Temos muitas memórias.
Mas quero este dia hoje.

Sei que vou encontrar uma senhora que vende cravos aqui, em Campo de Ourique, desde esse dia de 74. Ela vai dizer-me Há tantos anos que vendo cravos à senhora.
Sempre caríssimos.
E vou comprar-lhos. Poucos, já que a crise bate a todas as portas. Mas não mata a alegria nem a esperaança.

Ela
Eu
E algumas pessoas dizem que o 25 de Abril é também HOJE.

Wednesday, April 23, 2008

MONUMENTOS ÀS VÍTIMAS DA INQUISIÇÃO EM LISBOA

Vi hoje e saúdo os monumentos às vítimas da inquisição no Largo de S. Domingos em Lisboa.

Recomendo uma ida até lá.
E uma reflexão a todas as formas de intransigência que nos atravessam.

Para que nenhuma nos mova. Nunca.

Nota - Não tenho ainda nenhuma imagem. Os monumentos são lindos. Prometido que mal que tenha, ponho-as aqui.

ORAÇÃO PARA NOS LIVRAR DA TENTAÇÃO DA OMNIPOTÊNCIA

No último seminário da igreja de sta Isabel foi-nos dada esta oração de Pierre Faucher, que quero dizer todas as noites. Que me há-de ajudar a deixar o que não posso, a desprender-me do que não está ao meu alcance, a saber que realmente não sou Deus.

«Senhor, ensina-nos a repousar.
Ensina-nos
a deixar as coisas em suspenso,
a não querer arrumar tudo antes de dormir.
Ensina-nos
a aceitar estarmos cansados.
Ensina-nos a acabar uma jornada;
senão
nem saberíamos morrer.
Porque, depois de nós,
ainda haverá trabalho...
Ensina-nos
a aceitar que não somos Tu.»

SERÕES


Cá em casa é assim:

O Manel está tão cansado com um trabalho sem intervalo, que à noite sai da casa de jantar para o maple da sala. Liga o comando num canal qualquer. Eu ponho a loiça na máquina em dez minutos-somos só dois- e de volta à sala vejo-o a dormir com o tal comando na mão, cabeça e mãos pendidas... Às vezes assusto-me mesmo e chamo Manel. Quando ele ouve, o que é bom, responde deixa-me ou deixa-me estar.
Mas às vezes não responde,...

Parece que são assim os serões dos mais velhos. A mim ainda me custa. O melhor mesmo é seguir o conselho do nosso filho André Mãe, deixe o homem dormir.

Sunday, April 06, 2008

PARA LER E PENSAR

Porque inteiramente de acordo, transcrevo parte do artigo de Fr Bento Domingues publicado no domingo, dia 6, no jornal «Público» com o título Educação e cidadania,

«1. Alguns professores mostraram-se mais à vontade na televisão e na rua do que na escola. Nas televisões e na rua, foram expeditos a descompor o primeiro-ministro, a ministra, o ministério e os encarregados de educação. Na escola, queixam-se de não conseguirem dar aulas por medo dos alunos. Estes gozam de um estatuto que os torna indomáveis. Se, ainda há pouco, os professores eram considerados responsáveis pelo insucesso escolar, agora, a indignação voltou-se contra os alunos e os pais: cada turma deveria ter um segurança e cada professor um guarda-costas, sem recorrer aos psicólogos, aliados naturais da permissividade.
Alegrou-me ver, na televisão, o Prof. José Gameiro, psiquiatra, resistir à histeria criada em torno de um telemóvel – um dos novos símbolos mais estimados de adolescentes e jovens – transformada em arma política. Em relação à boa disciplina e segurança, tenho a referência da minha escola, nos começos dos anos 40 do século passado: nada de falinhas mansas; o marido da professora era um legionário de mão pesada, a quem ela recorria com frequência. A delicadeza dos pais sublinhava: “só se perdem as que caem no chão”.
2. Tenho, no entanto, alguma dificuldade em acreditar que alunos, professores, pais, funcionários e responsáveis do ministério se encontrem bem identificados nas imagens registadas nas últimas semanas. Aproveitando a onda, os professores queixosos talvez não sejam o único espelho da escola em Portugal.
Os meios de comunicação, em alguns casos, ainda não se libertaram da triste sina que lhes colaram: uma boa notícia não é notícia. Depois de terem colaborado na liquidação do ministro da saúde, acabaram por tecer os maiores elogios às medidas que ele tinha tomado, lamentando a sua saída como vítima de uma política eleitoralista...
Por outro lado, dizer que, em Portugal, é sempre assim, que nunca sabemos valorizar o que temos, que estamos sempre na cauda de tudo até na cauda do reconhecimento dos nossos méritos, alarga a maledicência, mas não cria alternativas. Os problemas não estão, isoladamente, na família, na escola, nos meios de comunicação, no futebol, na sociedade civil ou no Estado, nem se podem atribuir todas as graças e desgraças à globalização. O recurso a bodes expiatórios, fixando-se só em algumas pessoas, grupos, corporações, instituições, etnias, acaba por ter culpados de turno, mas não gera correntes diversas de cidadania responsável, que respeitem o princípio da boa medida e do bom senso.»