Sunday, December 06, 2009

DE «FIOSSOLTOS»

Gostei tanto,
que ouso copiar de «fiossoltos»
e transcrever

"Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
de Antoine de Saint-Exupéry

Saturday, November 28, 2009

ADVENTO E HONESTIDADE

O que é que neste país é honesto?

Verdade, qualquer coisinha serve.

Porque começa o Advento

E há-de vir o Natal.

Recebi uma proposta de encontro com o tema

«SOMOS NÓS QUE FAZEMOS O PRESÉPIO OU É O PRESÉPIO QUE NOS FAZ?»

«Isto» já vale. Pudéssemos nós passar esta pergunta pela cidade e talvez...

É que A DESONESTIDADE NÃO É UMA FATALIDADE.
Não é mesmo.

Friday, November 20, 2009

MÃE

Amanhã é dia da Apresentação de Nossa Senhora.

E como calha bem que seja também o dia em que a minha mãe faria anos.
Para lhe louvar a vida.
A coragem.
Essa inteireza que, entendo hoje, lhe escondia o sofrimento.

A senhora nunca confessava. Dizia coisas como «não tem importância» ou «não é nada, vais ver».
Quando a dor foi mais forte porque o pai morreu, a mãe olhou-me, olhos nos olhos, sem fugas, sem mentiras. E disse «Acontece a todos».
Esse olhar, essa frase, essa dor partilhada comigo. E só assim. «Acontece a todos».

Hoje, que os meus filhos são homens e mulheres cujas vidas não devo controlar e os meus netos seguem o mesmo caminho, percebo-a bem melhor.

Olhe, deve lembrar-se daquele arroz doce que só a mãe fazia e nunca conseguiu ensinar-me. Não sabia ao certo a quantidade dos ovos, nem do leite.
Disse-me «Vais vendo».
Esse foi talvez o segredo maior que me ensinou «Vais vendo».

Tenho-o presente
e procuro aplicá-lo.
Dia a dia.
De situação em situação.
Sem regras.
E sem medida certa.

Calha tão bem esta festa.
É que foi com estas frases de aparência neutra que a minha mãe me apresentou à vida.

Thursday, November 19, 2009

O ESPANTO E O FRACASSO

Bati-me a vida toda por causas.
Talvez muitas.
Causas pela justiça, por todas as formas de humanidade.

Hoje, numa conversa, no mínimo estranha,

pergunto

O QUE VALE?

A PALAVRA DADA?

OU O JOGO EM QUE
GANHA O MAIS NOVO e supostamente O MAIS FORTE?

Não gosto de dizer «que não estou neste mundo», mas é só ver
só ouvir.

ONDE ESTOU?

DÒI-ME A MINHA GERAÇÃO

PS - Ninguém há-de perceber nada desta postagem. E não dá para explicar.
Às vezes,
é assim.

Saturday, November 07, 2009

SEM LUGAR NA PARÓQUIA DO TEU BAIRRO

Nem sequer é teu «o espaço que te cabe neste latifúndio».

Para que não se confunda,
Sou católica e escolhi.
Por isso,
Por amor a esta Igreja que escolhi,
Devo dizer, devo denunciar sempre que me parece incorrecto o seu agir.

Foi o que aconteceu ontem.
Mesmo aqui.
No prédio ao lado.
Na paróquia do meu bairro.

Tinhas idade e estavas muito doente. Vi que por ti se multiplicavam os cuidados, por exemplo no café, pequeno e sem notícia, aqui em frente.

Esperávamos este desenlace.

Deu-se ontem. (em desabafo, fazes-nos falta, tanta falta...)

E a paróquia que é a tua,
ali onde sempre foste tantas vezes,
que provavelmente ajudaste a manter,
recusou a entrada e a vela do teu corpo sem vida.

É que era dia da festa do seu padroeiro.
Vinham muitas entidades.
Civis, militares e religiosas.
Pompa e muita circunstância.
O teu corpo não pode entrar na quase invisível porta lateral das capelas mortuárias.

Talvez um corpo morto não ficasse bem…

A ti já te não dói.
Mas doeu a tantos de nós, ao bairro quase todo e não condiz com cristianismo.
O que é isto?

E neste episódio lastimável, doloroso,
Não encontro o rosto de Jesus.

Quem devo responsabilizar?
A agência funerária?
Alguém que da igreja deu ousou tal insensata e cruel proibição?

Jesus Cristo que chorou a morte dos amigos
chorou ontem por ti
e chorou com grande dor pela Sua Igreja.

Monday, October 26, 2009

SALVOS PELA MEMÓRIA

Agora
é já pedir-te demais.
Nos teus olhos eu nunca tinha visto tanta dor.
Vi
mas também a disseste.

Talvez a memória nos possa salvar.
É um «talvez» tão esforçado e duvidoso.

Melhor seria aceitar
ou poder aceitar
que não é só de Caim que nós falamos

E uma notícia te dissesse, com verdade, que «somos mesmo muitos»,
que somos «uma multidão»
e que talvez «da dor o fogo nasça».

Sonho um outro brilho nesse olhar
Gostava de dizer-te a madrugada de tudo quanto nasce.
De qualquer jeito,
gostava,
de salvar-te.

Melhor do que gostava,
quero.
Deixa só a harmonia de tudo quanto é simples.
Deixa só
algumas palavras
Só algumas.

Sunday, October 25, 2009

UMA HORA A MAIS

Hoje, à conta da mudança de hora, tivemos uma hora a mais.

Frigorífico descongelado e lavadinho
e tantas, tantas palavras por escrever.
Nem um pezinho na rua.

Lá encontrei Sebastião da Gama
certinho
hoje

Aqui vai com um nó na garganta,
um novelo talvez,
por tudo «o que fica por...»

Lá vai então:

«Poema da minha esperança

Que bom ter o relógio adiantado!...
A gente assim, por saber
que tem sempre tempo a mais,
não se rala nem se apressa.

O meu sorriso de troça,
Amigos!,
quando vejo o meu relógio
com três quartos de hora a mais!...

Tic-tac... Tic-tac...
(Lá pensa ele
que é já o fim dos meus dias.)

Tic-tac...
(Como eu rio, cá p'ra dentro,
de esta coisa divertida:
ele a julgar que é já o resto
e eu a saber que tenho sempre mais
três quartos de hora de vida.)

Serra-Mãe (1945)»

Mais três quartosd de hora...

Uma hora a mais...

Tuesday, October 20, 2009

SARAMAGO NÃO MERECE SARAMAGO

Toda a gente sabe,
diz,
deixa-se incomodar comigo «A teresa é tão atenta e tão crítica»
Sempre e em todo o lado assim.
Muito mais se amo aquilo que critico.

Pois sempre fui muito critica com a Igreja e só quando morrer é que hei-de parar esta tentativa de a tornar o rosto de Jesus Cristo.

Mais ou menos fico indiferente ou não me toca o que se diz «de fora»
Respondo «Falar de fora é fácil» e... natuuralmente não é, que a gente não sabe bem o que é «de fora».

Mas as afirmações de Saramago ultrapassam tudo.
Altivez
Ignorância que parece total
Orgulho
Arrogância

Que nos quer dizer «este senhor»?
Vender um livro que obviamente vende porque o tem como autor?

Ou será que é o grito de «quem não está de fora?»

Só não dá ser tão deseducado.

Parece que estou zangada.
E tenho muita pena.
Mesmo muita.
Saramago não merece Saramago.

SERENAMENTE OUTONO

Li este belo texto que deixo em jeito de partilha
serenamente
neste país e nesta «estranha forma de vida»
confusa
atribulada
que é a nossa.
Faz-nos falta escrever ou ler assim:

« O sol despede-se lentamente nos dias cada vez mais breves de finais de Setembro. Esmaecem os doirados cabelos de Apolo. E as vinhas, os milheirais, os grandes plátanos dos jardins das cidades amolecem em tons amarelados e sanguíneos.

É o tempo das colheitas. Das vindimas e da apanha da fruta. Arrancam-se as batatas dos lameiros. Debulham-se os cereais. Descasca-se a amêndoa e secam-se os figos. A terra entrega generosamente ao homem o resultado do seu trabalho. Chegam as primeiras chuvas e despedem-se as aves migratórias. Límpidos horizontes. O mar, desocupado, exprime agora toda a brancura das suas ondas. Um cão vadio que corre atrás das gaivotas. Um par de namorados sentados na areia da praia. Avança o outono por Outubro. Desprendem-se as primeiras folhas. Pelos campos queimam-se as ramas secas. E o fumo levanta-se numa liturgia final de um ciclo que se encerra. Terminaram as últimas romarias do ano. Depois de Nossa Senhora dos remédios de Lamego, é a Feira das Colheitas em Arouca e S. Mateus em Viseu. Vem aí Novembro com as castanhas e o vinho novo. As árvores cada vez mais despidas. Os insectos entontecidos. E os primeiros frios de uma noite que se torna mais longa e ávida.

Revolvemos os armários em busca de roupa quente. O sono aumenta. Depois das beladonas, florescem os crisântemos e acorremos ao cemitério para recordar os nossos mortos. Chove muito. E lembro-me muito de ti ao cair da tarde. Não consigo evita este roxo, esta ansiedade, este advento que me conduz a Dezembro e ao nascimento de uma luz que auguramos desde o princípio do mundo.

Deslizamos por outono docemente e na verdade esta convulsão meteorológica e natural parece afinar-nos a sensibilidade. Os amanheceres breves e límpidos, com fiapos de nuvens avermelhadas atravessados pelo primeiro sol, são inesquecíveis, como aquela árvore cor de fogo, hirta e soberana que parecia reunir toda a luz do entardecer e que eu te pedi que fotografasses, naquela viagem para o longínquo norte.»

Manuel Hermínio Monteiro (1952-2001)

Tuesday, October 13, 2009

NÃO SE PERCEBE NADA

A Joana comentou a postagem anterior e perguntou-me «o que é que aquilo dizer».

O Manel disse-me que realmente não se percebia nada.

Naturalmente, foi só um desabafo, depois dos resultados das legislativas.

Só um desabafo...

Talvez um alívio...

A ver...

Monday, September 28, 2009

BOM SENSO... E TAMBÉM BOM GOSTO

Hoje
estou aliviada.

Louvo algum bom senso que superou tanta divagação pouco prudente.

Sunday, August 30, 2009

É UM RAPAZ

«- É um rapaz.
Tá a ver, tem aqui o seu rapaz.»

Foi assim que o médico me pôs em cima da barriga agora insensível, um rapaz cooooooooooompridíssimo, um molho de líquidos que eu não percebia, misturados com uns que me pareciam sangue.

Um rapaz.
Levaste um tempozito que me pareceu enorme até que gritasses muito. MESMO MUITO.
(nunca foste de falar à primeira, era isso, talvez)

Depois vi-te as mãos muito abertas e enormes.
Os pés, a mesma coisa.
Esquisito. Parecias-te com o médico.

Foi quando desatei a chorar. Também estava certo comigo e não te deve ter surpreendido. Disseste mais tarde «A minha mãe até chora com anúncios».

Sei lá porque é que choramos. Vem de dentro.
Diz também a vida.
E a alegria tornada mais serena e mais conforme...

«Faz o favor de seres feliz.» (plágio que vale)

O pai quis chamar-te André. Hoje já gosto, mas levei um tempão. Sou sempre demorada.

O pai tinha razão.
André.

Wednesday, August 19, 2009

NI, A BENÇÃO DOS AFECTOS

Recebi o seu cartão de parabéns.
Não somos amigas há muitos anos.
É há muito mais...

Ventre materno.
Laço paterno.

Sempre as mesmas casas.
Os mesmos avós.
Os mesmos...
Às vezes estamos anos sem nos vermos, sem falarmos...

E é sempre o dia inicial
Gémeas irmãs.

A vida diz-nos misteriosamente o invisível.

Agradecemos.

Friday, August 14, 2009

SER

Um dia destes escrevi no «Realejo»

«Sem passado, não há presente
nem futuro«

Antes de voltar às minhas malhas ou às cartas da Etty, volto a escrever.
Com este jeito que tenho de afirmar.

«Sem passado, não existimos.
Não há vida.»

Sunday, August 09, 2009

VIDA, ISABEL CABRAL


Acabamos de receber uma mensagem
«Morreu a Bé Cabral»

A postagem que fiz há instantes falava mesmo da VIDA E DA MORTE.
Parece acaso, mas acredito que não há acasos.

Jamais direi o BEM PARA NÓS E PARA TANTA GENTE que foi toda a vida da Bé.

Em lágrimas e com o almoço para pôr na mesa,
deixo apenas a ACÇÃO DE GRAÇAS que escrevemos e dissemos quando a Bé fez 0itenta Anos, em 2001

«NOVEMBRO/2001

SENHOR, NÓS TE DAMOS GRAÇAS, PELA NOSSA AMIGA BÉ.

COMO CADA UM DE NÓS, AINDA HOJE, LEMBRA, COMO UMA BENÇÃO, O DIA EM QUE A CONHECEU!

FORAM CIRCUNSTÂNCIAS E DATAS DIFERENTES, MAS TÊM TODAS EM COMUM O ENCONTRO COM A SUA SIMPLICIDADE, O SEU SORRISO ACOLHEDOR E LOGO AMIGO, O JEITO DE QUEBRAR TODAS AS DISTÂNCIAS.

SENHOR, NÃO SOMOS SÓ NÓS, OS QUE AQUI ESTAMOS, QUEM TE AGRADECE.

É UMA MULTIDÃO DE AMIGOS, VIDAS QUE FORAM TOCADAS PELO SEU AMOR TÃO PRÓXIMO E DISCRETO.
E TANTA OUTRA GENTE SEM ROSTO, A QUEM TRATOU PELO NOME, A QUEM OUVIU A VIDA E AJUDOU A FAZER CAMINHO.

SENHOR, AINDA TE QUEREMOS AGRADECER AS TEIMOSIAS DA BÉ. NÃO POR SEREM TEIMOSIAS, MAS PORQUE DIZEM A FORÇA DO SEU QUERER E A SUA CERTEZA DE QUE, COM AMOR, TUDO SE PODE MUDAR.

E TAMBÉM, AQUELA SUA SIMPLICIDADE, QUANDO RI DE SI PRÓPRIA E, ASSIM, SEM PRETENSÕES, NOS ENSINA A ACEITAR, COM ALEGRIA, AS NOSSAS FRAGILIDADES.


SENHOR, NÓS TE BENDIZEMOS PELA VIDA DA BÉ.»

TE BENDIZEMOS

Quando morreu a minha Mãe, um amigo nosso disse-me «Teresa, canta, Aleluia».

Na altura não percebi.
Tenho vindo a perceber.

CANTAMOS HOJE ALELUIA PELA NOSSA QUERIDA BÉ
E SEM JEITO DEIXO-LHE UMA FLOR

COMO SE MORRE E TALVEZ SE NASÇA E RENASÇA CADA DIA

ESTE FOI O TEXTO QUE ESCREVI MESMO NO FINAL DO DIA 7, VÉSPERA DOS MEUS ANOS. NASCER EM AGOSTO...
DEPOIS, A NOTÍCIA DA MORTE DO SOLNADO
E DE TANTAS OUTRAS E DIVERSAS MORTES QUE NOS DÁ A VIDA.
E DE TANTAS VIDAS QUE PODE TER A MORTE.

TRANSCREVO O TEXTO, TENHAM PACIÊNCIA, NÃO SEM CITAR LOBO ANTUNES « AOS ???? ANOS A MORTE JÁ NÃO ESPERA MUITO POR MIM.»
E TAMBÉM A MARGARIDA QUE TANTA VEZ ME DIZ «NINGUÉM MORRE DE VÉSPERA».
E SEI QUE ISSO SÓ DE MIM DEPENDE.

Aí vai o texto:

«Faço anos
Agradeço a minha vida toda. Inteirinha.
Os bons momentos. E tantos outros difíceis, tão difíceis.
Agradeço todos os homens e mulheres, que por ela passaram. Aqueles com quem me entendi e partilhei projectos.
E também aqueles de quem discordei mas que foram a forma como fui aprendendo a respeitar outro ponto de vista, outra circunstância.
Agradeço a família, diferente como é.
Um lugar especial para os meus filhos que me têm ensinado que ninguém é pertença de ninguém.
Agradeço esta difícil condição humana de tantas vezes não poder aliviar o sofrimento do outro. Só conseguir estar a seu lado.

Um dia recebi no telemóvel uma mensagem sábia de alguém muito novo de quem sei o sofrimento. Dizia assim «Ninguém nos garante que a vida é fácil. Mas vale, porque é vida.»

Friday, August 07, 2009

TÃO ANTIGO O RITUAL


Pois antes da meia noite, tenho de estar na cama.
Não posso estar a pé.

E todos no coração. Ramo de ternura.

Ramo de afectos

Razão de vida

Thursday, July 30, 2009

COM A CLIX, PREJUDICADÍSSIMOS E ZANGADÍSSIMOS

Esta é a confirmação da reclamação que o meu marido acabou de fazer à Clix.

A reclamação vem imediatamente a seguir.

E só tem uma forma de ser adjectivada esta - INADMISSÍVEL.
Quem paga os prejuízos?
Quem paga ou repõe o tempo?

Numa crise
num país cheio de dificuldades,
O QUE SE FAZ A TANTO DESPERDÍCIO?
COMO NÃO SÃO OS RESPONSÁVEIS PENALIZADOS?

POR QUE É PENALIZADO O ÚNICO QUE PAGA, O CLIENTE?

VIVEMOS NUM MUNDO A QUE SE DIZ «NÃO VALE A PENA»...

ONDE ESTAMOS?
ONDE ESTOU?

Cá vai então:

«Caro(a) Cliente,

Confirmamos a recepção do seguinte pedido de esclarecimento:

Tipo de contacto: Reclamação
Assunto: Estado do Processo de Activação/Portabilidade»


RECLAMAÇÃO

«Nome: XXX
Contribuinte: XXX
Telemóvel de Contacto:XXX
Email: XXX
Tipo de Serviço contratado: Clix TV+NET+VOZ
Questão: Nº de Ident.:XXX
v/carta de 30/06/09
Anunciam-me transferência linha telefónica para o Clix a 10/07/09. Tradução: ficas sem telefone fixo nenhum (situação actual).
Anunciam-me que no prazo de 7 dias úteis serei contactado por um técnico Clix para agendar instalação do serviço TV. Tradução: silêncio absoluto até à data.
Continuo sem telefone fixo o que me faz uma imensa falta e me ocasiona uma incomportável despesa de telemóvel.

Tenho multiplicado os contactos telefónicos com o vosso Serviço ao Cliente. Para além de uma estranha informação inicial de que os serviços não me conseguiam contactar pelo telefone 21... (pois como seria tal possível se eu estava sem telefone fixo?!!) e não tinham forma de o fazer por falta de telemóvel. Respondi que para além duma morada onde fui contactado inicialmente por um vosso colaborador, tinha fornecido a este o meu telemóvel.
A todos os telefonemas para o vosso serviço, apenas encontrei a simpatia do vosso pessoal e apoio "moral" ao cliente.
Hoje informei o vosso colaborador Rúben Sabino que esperava até ao fim do dia um contacto responsável antes de iniciar os passos para agir através do meu advogado. Fiquei à espera, até agora em vão...

Assinatura
Horário preferencial de contacto: 10h às 12h»

Resposta:

«Obrigado pelo seu contacto. Daremos resposta no prazo máximo de 48h.

Com os melhores cumprimentos,

Serviço ao Cliente Clix»


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Sunday, July 26, 2009

CARTAS de Etty Hillesum


Leio as «Cartas» de Etty Hillesum.

Ainda que a tal vértebra partida me limite algumas actividades,
quero deixar aqui um nadinha de uma delas, que nem é um excerto. Mas julgo saber de cor e sei que no mínimo a ideia está certa.
Diz assim:

«Em mim a gratidão é sempre maior do que a tristeza».

Quero,
desejo muito apropriar-me desta sabedoria

A GRATIDÃO MAIOR DO QUE A TRISTEZA

Sabendo bem que «isto» não depende do que está fora de nós.

Há-de ir nascendo dentro,
criando raízes,
ser essência.

Sermos nós.

E ACONSELHO MUITO A LEITURA DESTAS «CARTAS». Podem mudar a vida toda.

Monday, July 20, 2009

ALCANÇADA A LUA EM VÉSPERAS DE PORTO COVO

Teve o sabor de um milagre.
O chão da nossa casa repleto de amigos.
Multiplicação do espaço.
Os pequenos ao colo do pai. A noite toda.
Incansável PAI neste assistir deste tão improvável alcançar da lua.

Veio a calhar uma avaria no Hilman Imp. Havíamos de partir mais tarde para Porto Covo.
Que era mesmo só aldeia.
De pescadores.
Uma rua, um largo.
Ao fundo, uma esplanada tímida, p'raí três cadeiras, onde bebíamos água tónica ao fim da tarde.

Aldeia
Crepúsculo
Milagre do que ainda hoje não é acreditável.

«Menina» de Ary dos santos no festival da canção.

E que saudades
e que presença de Ary.

Thursday, July 16, 2009

VOZ

Escrevo um texto para enviar ainda hoje.
Em frente a «Quadratura do Círculo» que o Manel quer ver (já adormeceu há imenso tempo e sabe-lhe muito bem)

Levanto-me.
Mudo de sala.
Esta trapalhada toda de abrir a Net noutro computador.

É QUE NÃO POSSO CALAR.

O que estou a ouvir a Lobo Xavier (com quem simpatizo muito) e a Pacheco Pereira julgo que não pode estar aacontecer.

Onde a memória?
Onde os ideais, esses da geração que sonhou e, ingenuidade, ainda sonham, QUE O MUNDO PODE MUDAR?

Defendem Alberto João Jardim. «O comunismo é inconstitucional» ou qualquer afirmação semelhante.

NÃO POSSO ACREDITAR.

MAS ESTOU MESMO A OUVIR.

Não concordo nada com aquele dogmatismo do Partido Comunista.
MAS O PAPEL QUE DESEMPENHOU ANTES DO VINTE E CINCO DE ABRIL?

Meu Deus, vou voltar ao meu texto.

TÃO CONFUSA!
O QUE É QUE ESTAMOS A OUVIR?

Nunca pertenci a partido político nennhum.

Mas a vida inteirinha me bati por mais justiça E apoiei com algumas consequências aqueles que o faziam e fazem.

Agora estou a ouvir isto. Se os mortos se erguessem das sepulturas, esta era a altura certa.

O meu texto, vá lá... E hei-de tomar uma porcaria qualquer para poder dormir.
Sem pesadelos

Tuesday, July 14, 2009

SAPATOS NOVOS E MEMÓRIA

Hoje tive de comprar uns sapatos novos. A talvértebra partida já estava muito mal naquelas chancas de todos os dias, que comprei com o meu neto Francisco na Páscoa de 2008.

Pois lá pedi uma boleia ao Manel e fomos até às Amoreiras.

Já estão nos pés os sapatos.

Não é que me lembrei do príncipio de um poema que li no primeiro ano da faculdade e que não sei quem é o autor.

Dizia o primeiro verso:

«Sapatos rotos,
que dirão de mim as pedras da calçada?»

Substituo «rotos» por «novos»
e tomo para mim o mesmo verso
a mesma pergunta

«que dirão de mim as pedras da calçada?»

Monday, July 06, 2009

TAMBÉM A REFORMA DÁ O SABOR DE RILKE


Inesperadamente,
ou não,
comecei a descobrir um outro Rilke.

E transcrevo, porque gosto tanto

«Senhor, mais pobres do que os pobres animais somos,
que com sua morte acabam, mesmo com cegueira,
porque todos nós ainda não morremos.
Dá-nos «aquela» que a ciência conhece
de atar a vida a uma latada inteira
à volta da qual Maio mais cedo comece.

«(...)
Com a eternidade tivemos relação
e quando chega a hora do parto, nasce sem sorte
o aborto da nossa morte;
curvo e aflito o embrião
cobriu as infimas pupilas com a mão
(como se algo horrível o horrorizasse)
e na fronte (...) apareceu
sobretudo o medo do que não sofreu,
e como jovem mulher que passou sem danos
por dores de parto e cesariana, nos fechamos.»

Tão perto do meu sentir.

E quase nunca o sei dizer.


Nota - Dei hoje este livro de Rilke ao Manel
Como há tantos anos ele me deu os seus poemas.
Benção...

Wednesday, July 01, 2009

ALGUNS ASPECTOS DE UMA REFORMA ... TEXTO I

Tenho a intenção de continuar este texto noutro dia,
mas hoje,
tão pouco conformada que estou,
aí vão «alguns aspectos de uma reforma»:

Não há horários
só os dos médicos (cada vez mais numerosos...)
Não há tempo,
porque há todo o tempo

a vida tem muitas faltas
palavras, aulas, pessoas,

tantas!

parti uma vértebra e agora isto já é uma osteoperose
não lembra
imensas recomendações para que eu não caia
não caia nunca

férias em Lisboa,
nada de viagens,

ai
hei-de continuar,

se eu fosse mesmo a mulher «forte» que gostava de ser e quero ser
havia de enfrentar cada perca
como um recomeço

Hoje dói-me.

E tento dar-me uma ordem:

Vá lá, Maria Teresa, não exageres.

Sunday, June 14, 2009

EUNICE

Enquanto passo a ferro uma camisa, oiço na Antena Um as palavras de Eunice. Ainda as não encontrei no site. Se encontrar, hei-de procurar pôr aqui algumas.

P'ra já, não posso deixar de dizer quanto tudo o que ela diz é tão sagrado.

E agradecer.

Gente assim.
Vida muito para lá do visível.

Saturday, June 13, 2009

IGNORÂNCIA, DISTÂNCIA, AUSÊNCIA

Não sei dizer NADA do dinheiro da transferência do Ronaldo.

Eu quero ser deste mundo até ao fim.

Mas de que mundo?

13 DE JUNHO, DIA DE SANTO ANTÓNIO


Em homenagem a todos os Antónios
Pelo menos aos da minha vida, sabendo já que vou omitir imensos só por pressa ou esquecimento

Em primeiro lugar o nosso neto António, também chamado o Sirenes.
O que os netos podem!
Surpreende-me que ele passe à frente do meu avô António, esse de Tibaldinho, da quinta no Campo Grande, da leitaria, esse que quase não dizia uma palavra, que quando eu nasci me comprou sem vontade um urso de peluche (homem da Beira sabe lá o que é um peluche), que assistia contrariado aos meus estudos e dizia «ai o teu pai, Teresinha, lá tiveste outro «merdiocre», esse que tinha pelo menos um filho de que a minha mãe nunca me falou não fosse eu dividir o quintal ou a casa, ela sabia das minha manias de igualdade, esse que todos os dias apanhava o primeiro eléctrico da manhã para a quinta porque era preciso distribuir aquelas hortaliças todas p’las praças de Lisboa. Esse de quem eu gostava TANTO. Um dia percebi que ele tinha morrido, sem perceber, claro, porque à hora da saída do Maria Amália não estava à minha espera o empregado que me havia de levar a visitá-lo ao hospital de S. Luís. Só lá estava o meu cão, o Faraó, um serra da estrela enorme. Viemos até à leitaria a pé. Quando cheguei disseram-me que telefonasse para o hospital e foi a Mariana Gouveia que ao telefone me disse «Teresinha, acontece a todos». Esperavam por mim para fechar a porta e pôr aqueles papéis, aquelas cruzes pretas. Choro hoje as mesmas lágrimas. Sei, tenho a certeza que era quinta-feira, porque fui lanchar e deixar cair as lágrimas em cima do suplemento juvenil do Século. E o Faraó deitadinho e terno, ao pé de mim. Ali os dois. Depois acho que não chorei mais. Se não hoje. Fui ao enterro, fui àquilo tudo. Mas o meu avô já tinha morrido.
Com ele perdi também o Faraó que teve de ir para o colégio do Dr. João Soares, ele era enorme e deitava os fregueses ao chão, só p’ra brincar.

Afinal já não devo escrever nada sobre outros Antónios. Está tudo dito, tudo entendido daqueles que perdi, não está?
E não é porque os perdi.
É porque eles eram mesmo muito bons. E ternos.
Gostavam de mim sem porquê.
Só porque sim.


E no entanto há hoje muitos Antónios na minha vida.E bem vivinhos. Nenhum faz a gritaria do Sirenes, mas que me lembre, parece que são mesmo muito bons (talvez não me vá arrepender, talvez…).

POIS VIVAM TODOS ANTÒNIOS:

E Sirenes, por favor, continua a gritar. Não para os pais, nem para os manos. Pode ser só para mim. Para dizeres essa vida toda. Essa vida que não se cansa nunca. Essa atenção que te faz saber tanta coisa, tanta.
E essa ternura com que, no fim do jantar, perguntas ao avô Manel «Pois é, avô?»

Ontem percebi ou julguei perceber a magia dos Antónios. É que a imagem deste santo transporta um menino ao colo. Com cuidado. Com zelo.
É uma imagem que diz o melhor da humanidade.

É mesmo. Vou tentar põ-la aqui.
E.. afinal consegui. Com ajuda do Manel.

Saturday, May 30, 2009

PARA O NOSSO NETO MANUEL

Agora já transmitida na rr, posso deixar aqui a oração que rezei hoje a propósito da primeira comunhão do nosso neto Manueel.

Pode ser que as palavras digam também a ternura, a surpresa, a alegria.
Aqui vão:


« Jesus, quero falar-Te do meu neto Manuel que faz hoje a primeira comunhão.

Pensando bem, o que quero pedir-Te é que eu seja capaz de fazer da sua primeira comunhão, a minha primeira comunhão.
Não para ser igual à da fotografia que está ali no álbum antigo, naquela cara tímida, envergonhada, cabide de um vestido branco com folhos e laços.

Não essa, Senhor Jesus.

A minha comunhão-hoje como a primeira comunhão do Manuel.

A graça de um coração semelhante ao dos mais pequeninos.
Esses que dizem convictos que Tu és o seu melhor amigo e que querem fazer da sua vida uma vida que se pareça com a Tua, vida dada por amor.

Parece enorme a distância que me separa da tal fotografia.
Mas é só aparência.
Tropeços, dúvidas, gestos que Te negaram e a falta de fé que tantas vezes afirmei; tudo me conduziu ao dia de hoje.

Nesse dia primeiro, disse Ámen ao tomar o Teu corpo que passou a ser também o meu corpo.

Pois vamos lá, Manel, fazer do dia da tua primeira comunhão, o dia da comunhão da tua avó.»

Thursday, May 28, 2009

NO PRÓXIMO DOMINGO, A FESTA DE PENTECOSTES

Recebi um mail com esta prece do Irmão Roger:

“Espírito Santo, mistério de uma presença, tu sopras sobre nós uma brisa ligeira, frescura da alma.
E aparece o inesperado: retomamos o caminho da dúvida para a caridade do teu rosto”.

Wednesday, May 27, 2009

AUSÊNCIA DE PALAVRAS

Não, o meu blog não morreu.
Eu também não.

Às vezes estes espaços parecem «exigir» que se diga a coragem, a vida sempre enfrentada de pé, assim como « Aqui ao leme sou mais do que eu...»

Como não é sempre assim, acontecem «estas brancas».

Por hoje, quero deixar uma grande indignação pela comunicação social a que estamos sujeitos. Ou presos. Ou escravos.
Acabo então por desligar todos os canias.
E ler, que é um acto de escolha livre. Um acto meu.

Ou fazer as tais pegas. Acabar os casaquinhos para O Tiago Lousa que nasceu. E louvar de alegria.

Ainda - imaginem - não enfrentei a papelada do IRS. Tem que ser. E vai ser.

Não me enrede eu em «não sei quê».

Ou não volte a cair de costas, a saltar os degraus de pedra que esqueci e, graças a Deus, mesmo graças a Deus, não parti nada. A zona lombar doida de dores. Gritos a noite toda. Hoje ligeiramente melhor.

De novo aqui.
Ao leme.
Com ganas de ser «mais do que eu».

E nas mãos, ao leme, a VIDA.

Monday, May 04, 2009

FAZER CROCHÉ ENQUANTO ESPERO

A fila para o balcão do Montepio era um bocado grande.
Ocupei civilizadamente o meu lugar, ao fundo.
Percebi que ia esperar uns quinze minutos.
Peguei no meu croché e continuei um trabalhito que faço assim, sempre que espero o que quer que seja.

Um a senhora (acho que não devia ser bem uma senhora) disse altíssimo:

-Agora as filas já servem para fazer croché.

Tive uma vontade de desatinar!

Há tantos gestos que não estão na moda. E eu quero lá saber!

Sunday, May 03, 2009

PARA OS MEUS FILHOS NO DIA DA MÃE

Peço aos meus filhos
que esqueçam o quanto sou desarrumada
os cozinhados sem jeito, as sopas queimadas, os bifes de cavalo e de coração,
a chatinha das contas e dos orçamentos apertados,
o precipício das palavras,
o feitio mais difícil aos sábados de manhã,
etc
etc
etc
etc

Lembrem antes a alegria de ser mãe de dois filhos absolutamente únicos,
repito,
dois filhos absolutamente únicos

E esta procura que há-de ser a vida toda de melhorar a performance já que não há manuais para mães e não sabemos mesmo nada quando vocês nascem
nem porque é que choram quando acabaram de mamar e têm a fralda mudada
e não queremos acreditar nas nossas mães que sempre souberam mais qualquer coisa, muito mais mesmo, mas são as nossas mães e sempre temos que as contrariar, porque parece-nos «que nós é que sabemos»

Lembrem a confusão e a alegria das vossas festas de anos
o entusiasmo dos presentes de Natal
as viagens intermináveis para Tibaldinho com os vossos amigos, histórias e cantigas
O como peguei ao colo em cada um para vos mostrar o mar, lembro-me bem!
e procurei que não tivessem medo e aconcheguei-vos ao peito para que não tremessem nem tivessem frio

E vocês nasceram para a vossa vida
cresceram
têm alegrias
e também sofrimentos.
Muitos.
Aí dói de que maneira e chego a dizer «que não é assim tão complicado»
e dói-me ainda mais

Coisas de mãe.
Nunca ninguém nos disse nem vos disse que a vida é fácil.
Mas vale muito e é boa, porque é VIDA.
Às mães gostavam de o dizer, mas não podem. E têm tanta pena.

Este texto é para os meus filhos, que são a maior benção da minha vida.
Por eles,
fiz muitas sopas,
muitas compras
talvez canseiras,
li pouco ou menos do que tinha querido
escrevi pouco
mas sei que é por eles que também eu continuo a obra da criação.
E pela vida dos meus filhos toco a eternidade.

E agora deixo este texto de Gibran em jeito de partilha.
Diz assim:

Dos Filhos


E uma mulher que carregava o filho nos braços disse ao profeta: “Fala-nos dos filhos.”

E ele disse:

Vossos filhos não são vossos filhos.

São filhos e filhas da vida .

Vêm através de vós, mas não de vós.

E, embora vivam convosco, não vos pertencem.

Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não os vossos pensamentos,

Pois eles têm os seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar os seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas, são arremessados.

O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e dá-vos a Sua força para que as suas flechas se projetem, rápidas e para longe.

Que o vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja a vossa alegria:

Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco, que permanece estável.

Tuesday, April 28, 2009

«OS GLADIADORES», O 25 DE ABRIL E «MUITOS DIAS TEM O MÊS»

Há a tentação de dizer «o 25 de Abril» não era só isto, de lembrar que fiz as greves académicas, coisas meio tontas, saudosistas, que nem nos deixam ver quanto é bom o que mudou. Bem sabemos que a esperança é sempre maior. Sempre maior. Em tudo.

E é preciso escrever aqui, fazer notícia de como me surpreendi, e bem, primeiro com «Os Gladiadores» e a paixão na total entrega do grupo de teatro jovem e determinado «Hipócritas», onde, entre outros, vejo a Filipa Pais de Sousa, nossa super amiga, que começou tão contrariada por ser minha explicanda de Francês. Gosto muito de gente difícil. De gente capaz de me dizer «Teresa, não gosto nada».

Ontem foi a vez de ver o filme extraordinário na temática e na forma de Margarida Leitão «Muitos dias tem o mês». Dizia-me o pai «Deu muito trabalho». Como o sei bem,, quando o Manel fazia o «Setenta Vezes Sete» e eram noites inteiras, imenso tabaco na sala, uma magia... No fim um programa apenas de vinte e cinco minutos. Pois a Margarida fez durante dois anos esta longa metragem sobre as esparrelas do consumismo em que se vivia já esta crise. Pois fê-lo com uma mestria e uma sensibilidade social e humana notáveis.

O que é estranho é que me espante com os milagres desta gente nova que não é nada «uma geração rasca».

É que é natural
E também sobrenatural

Como aquela surpresa feliz que tive quando um dia destes fui com o Bernardo, o nosso neto mais velho (e neto ainda parece mais estranho), dar uma escapadinha à Mexicana. Não me senti nada a avó velhota. Uma conversa bem gira. E de igual para igual. Falámos de Cesário Verde. O rapaz sabia mesmo bastante.

É talvez o tempo que os faz crescer.
Mas não é só.
Crescem para algo que já é «mais além».

Wednesday, April 22, 2009

NUNO DE SANTA MARIA

De Condestável a santo.
Procuro compreender este caminho.
Sei que a vida de cada um é um percurso. Difícil. Com tropeços. Incoerências.
Passos. Sempre passos. Até «um pouco mais», ainda que o vocábulo «mais» fique muito mal neste contexto.
Mas procuro.
Em criança sabia de cor e recitava poemas ao Santo Condestável. E ainda os sei. Dos que me lembro, não gosto. São poemas com uma linguagem que me parece longe da santidade.

Vamos ver se descubro o caminho deste homem. Não o de santo Condestável.
Antes, o de Nuno de Santa Maria.
Com atenção e jeito.
Com boa fé. Vá lá...

Vou-me deitar com um «talvez».

Também não há que entender tudo.
Nem que aceitar tudo.

Monday, April 20, 2009

Fomos a Madrid

Pois fomos.
Há tanto tempo que não dávamos assim uma escapadinha.
Fomos sem porquê. Só pelo gosto de tudo aquilo que nos uniu naquela festa em casa do Armando Fiúza (há cinquenta anos, verdade!). E este mesmo jeito que temos de nos sabermos seduzir com palavras. Sorrisos. Passeios a pé. Conversas. «À espera de Godot» e muito mais, tanto mais. Pouco depois oferecias-me «Toi et moi», lembraste?
Fomos a Madrid.
Para os museus. (Vi a Guernica pela primeira vez. E como é sempre tão diferente tudo aquilo que vimos «quando vimos»!)
Os cafés.
Os passeios.
Andar a pé.
Os sorrisos cúmplices.
Sempre a pensarmos nos cachopos, filhos, netos, todos...E nos amigos. Todos. Connosco.

Verdade que já não podíamos nem ver aqueles bocadillos todos iguais.
Que saudades de sopa.

Mas valeu.
Voltámos àquilo que nos uniu e atraiu.
Que nos une e nos atrai.
Sempre

Esquece lá que tenho o dobro do peso (melhor p'ra mim que não esqueças...)
E a dificuldade em descer escadas (muitas escadas tem Madrid!)
E aquela saliência no dedo do pé que me faz umas dores danadas.

Lembremos os sorrisos.
A cumplicidade.
A paciência com que me procuraste e escolheste uma mala (bem sei que detestas compras)
Lembremos o amor.
Agradecidos.

Wednesday, April 15, 2009

UMA FLOR

Para te dar, como uma flor,
deixo-te o poema doutro amigo.

Que bem te calha!
Que bem nos calha!

De Alexandre O'neil:

«Mal nos conhecemos
iniciámos a palavra AMIGO.

...»

Não sei o resto de cor.
Vai longa a noite.
Hei-de continuar esta postagem amanhã.
E a vida toda

Wednesday, April 08, 2009

GRAN TORINO

O filme é imperdível.
Retirei este texto do site Pastoral da Cultura.
E aqui vai:


«Grand Torino: parábola sobre o mal, a culpa e a redenção

“O que é alguém pode saber da vida e da morte, da culpa e do perdão, da dor e da salvação?”, pergunta, irónico, o viúvo Kowalski ao jovem padre de 27 anos, recentemente ordenado, que preside à missa do funeral da esposa.

Com cara de poucos amigos, questionador dos costumes modernos, interpelador, quase grosseiro, solitário, amargo, e que passa o tempo a beber cerveja à entrada da sua casa, falando apenas com a sua cadela e comportando-se de forma racista para os seus vizinhos da etnia Hmong, provenientes do sudeste Asiático. O velho Walt observa com desprezo como a vizinhança onde sempre viveu, em Detroit, EUA, se degradou com a chegada de imigrantes orientais e de bandos de jovens latinos, afro-americanos e asiáticos.

O velho Kowalski vive descontente com o presente, preocupado com o futuro e amarrado a um passado de felicidade com a sua esposa e em que esteve na guerra da Coreia, no início dos anos cinquenta. Do passado resta agora a arma que usou em combate, a medalha que ganhou por matar soldados norte-coreanos e um automóvel Gran Torino, de 1972, da marca Ford, empresa onde trabalhou durante trinta anos. Os espetadores não deverão perder de vista a forte carga simbólica destas três referências.

Aos 78 anos, com uma maturidade pessoal e cinematográfica impressionante, Clint Eastwood é realizador e actor em Gran Torino, oferecendo-nos a sua resposta às perguntas fundamentais colocadas no início, ao narrar um momento da história do velho Kowalski. As respostas só poderão vir da realidade vivida, sofrida, enfrentada: com jovens dos bandos, violentos e prepotentes, com as famílias Hmong, que o desarmam com a sua generosidade e acolhimento, com o tímido jovem Thao, que não sabe como trabalhar e lutar por ele mesmo, com uns filhos casados, que só o procuram quando querem lucrar alguma coisa com ele. Na encruzilhada destas personagens, Kowalski terá de responder com os valores em que acredita, sem deixar de encarar a maldade e a violência do tempo actual, os demónios do passado, as culpas da guerra, a preocupação com um futuro sem esperança para as novas gerações, a defesa da sua dignidade ultrajada, assim como a sua própria vida, que vai chegando ao fim.

Com um pano de fundo que aponta explicitamente para a fé cristã, Gran Torino converte-se numa parábola cinematográfica sobre o mal, a culpa e a redenção, tendo subjacente a figura de Jesus que ensina, com a sua vida, como enfrentar as realidades últimas da existência. Mas o que é impressionante no filme é como o velho renegado Walt Kowalski se pode converter na figura do bom samaritano, do pai misericordioso e do Cordeiro de Deus que se entrega para redimir os oprimidos pelo mal. Quando Gran Torino termina, reconhecemos que o espírito da redenção o toma por inteiro.»

Tuesday, April 07, 2009

PARA LÁ DO QUE OS OLHOS VÊEM

Deito-me com lágrimas.
E com uma ténue esperança.
A de conseguir um dia , essa capacidade que o Manel recomendou no cinema ao André, bem pequenito ainda

«Ver para lá das imagens»
Ou ver com o coração. E com todos os afectos.

E então poderemos inverter tempos e modos verbais.
Os condicionais, em futuros
E presentes.

Querida Ana, o que escreveste « Seria assim para todo o sempre» há-de ficar «Será assim para todo o sempre.»

Ou

«É assim para todo o sempre.»

É.

Thursday, March 19, 2009

A PROPÓSITO DO DIA DO PAI ...

A propósito do «Dia do Pai»
desta sensação que me assalta de que o tempo passa mesmo
deste sabor de viver com tantas memórias,ainda que o futuro não deixe de falar,
desta irracional saudade dos meus filhos pequenitos,
ao escrever uma mensagem à nora de uma amiga, dei com a «resposta» que me serve.

Aí vai:

«Aproveite bem agora e namore imenso com o pai da criança.
Quando o vosso cachopo nascer, a vida muda mesmo.
Mas vale.
Porque é mais vida.»

Às vezes «a gente» surpreende-se com a verdade que está mesmo dentro de nós.

«Sempre mais vida.»

Sunday, March 15, 2009

DE VOLTA

De volta, páro no Canas.
Fico ali enfim sentada na última mesa vaga da esplanada.

Tinha comprado o Público e falado com a senhora da banca (uma operação a um braço e tão preocupada com os netos, mas que «é bom estar ali, poder fazer qualquer coisa». Passei o jornal ao Manel quando ele chegou.

Eu teimosa comigo, leio, continuo a ler «Só o amor é digno de fé» de Hans von Balthasar de que o Manel já me tem falado tantas vezes.
O livro pede-me uma leitura muito vagarosa e reflectida.
Às vezes, muitas vezes volto atrás, não percebi.

Mas ainda que eu só entenda o título, sei convictamente que SÓ O AMOR É DIGNO DE FÉ.

E agora para me facilitar a «gestãozita» desta casa vou «atacar e bater umas pedras» no Execl.

NÃO POSSO ADIAR O ENCONTRO

Está um SOL....

Tenho a tentação de deixar a cama feita
e «isto» ao menos aparentemente arrumado.

Mas não posso adiar o encontro comigo,
o encontro com quem quer que apareça
na cidade

assim

tão cheia de sol.

Tuesday, March 10, 2009

EM LOUVOR DOS GESTOS...

Ontem os Marias jantaram por cá.
Muitos risos, imensas histórias e chegámos àquele longe em que lhes contámos que o pai fazia muita batota com a avó Alice.
Surpresa - O pai, batota?

- A jogar «crapaud» em Tibaldinho.

Quiseram saber como era isso.

- As avós fazem tudo e deixam tudo...

Por impulso, levantei-me da mesa e fui depressa buscar a camisola branca e vermelha, quentinha e muito bem tricotada que a avó fizera para o pai, à conta do Benfica, claro.

- Bem, é vossa. Mas agoraa ainda é do pai. Está muito grande para vocês.

Quando ele veio à pressa buscar os rapazes, pressenti-lhe a ternura ou a saudade (não quero inventar) disfarçada em

- Mas só para quem for do Benfica!

Tantas, mas tantas «coisas» nos deixou a minha Mãe.
Muito sabem as mães.
Sabem tudo.

Monday, March 09, 2009

RENDO-ME

Rendo-me ao Dia da Mulher

Sobretudo para agradecer à nossa filha Maria aquele «beijo especial para a mãe»,
vindo de Évora pelo telefone
e tão cheio de sol.

O sol em Lisboa ficou «ainda mais sol».

Sunday, March 08, 2009

8 de MARÇO

Não gosto mesmo do Dia da Mulher.

Sonho e às vezes, muitas vezes, acredito no «igual para igual».

Sou seguramente uma mulher cheia de sorte.

A começar pelo meu pai que, sendo um pai, não deixou de ser um companheiro.

O Manel é mesmo «esse com quem tudo partilho, esse outro eu». Na vida toda.

O André é um filho. E um amigo.

E tantos, tantos outros, gente capaz.

É verdade que ás vezes vêm ao de cima uns laivos de uma mentalidade medieval e entranhada. Em mim também. Isso é que é pena.

Mas realmente não gosto do Dia da Mulher.
Nem dos movimentos de mulheres.
Somos pessoas.
Por inteiro.

NO BARREIRO

Sim, dei aulas no Barreiro nos anos 80.
Na Mendonça Furtado.

E gostei tanto!

Hei-de falar por aqui desse tempo com mais tempo.

Agora, a urgência de uma outra postagem, já que «já é amanhã».

Monday, February 16, 2009

ENTRE A PRECE E O LOUVOR

É verdade que estou ainda com uma gripe ( as gripes atacam mais aos fins de semana, o que não se pode explicar)
É verdade que fiz duas sopas
lavei roupa
estendi roupa
apanhei roupa
experimentei uma receits de bolo de noz a ver se melhoro algumas competências culinárias
escrevi um texto pequeno (e o que me vinha à cabeça eram aquelas horas poucas, em que cheia de febre estava «para ali na cama» e só dormia ou não dormia e como isso me é desagradável)

Mas não vou para a cama sem escrever que há 45 anos levámos a Maria a baptizar.
Um embrulhinho branco, redondinho como ela
E como isso foi bom e tão bonito!

Quando levei os meus filhos a baptizar, sabendo que os quería cristãos, na verdade, não sabia nada ou quase nada.
Bem que logo ali rezámos com eles o Pai Nosso. Mas é tão tarde que a pouco e pouco vamos entendendo aquele «seja feita a Vossa vontade». Tão tarde e sempre de forma tão incompleta.

E reparo que escrevo sempre estas postasgens entre a prece e o louvor.
E assim me vou deitar.
Entre a prece e o louvor.

Wednesday, February 11, 2009

PORQUE GOSTO TANTO DO UNÚTIL

Às vezes, muitas vezes, pergunto-me se tenho direito a tanta coisa inútil com que teço a vida e de que gosto muito.

Coisas como fazer pegas de cozinha, casaquinhos minúsculos de bebés, andar aí pelo bairro porque é bom, ser uma avó que mais ou menos só serve para brincar e ser feliz, ser a mulher do Manel sem lhe cozer as meias, nem arrumar a carteira, nem a secretária, viver esta relação como um tempo de namoro, gostar de ver com ele um filme (ou também sem ele), discutir ideias e raramente estar de acordo, surpreender-me e sorrir (sorriso bem aberto) quando o vejo ao longe,fazer um chá para as amigas, ainda que os meus bolos geralmente caiam no chão, mas depois dá-se-lhes uma voltinha, tenho prática, escrever postais, mesmo postais,
por toda este gosto pela inutilidade, não resisto a transcrever do Pe Tolentino Mendonça o artigo que hoje encontrei. E fiquei bem contente. como se ainda precisasse que alguém me dissesse que o inútil vale.
E qual é a utilidade de um abraço forte?
De um beijo?
De uma mensagem para dizer Bom Dia?
De uma boa relação?
E as bananas que a A. foi comprar para o Manel só porque ele disse que gostava?
E os afectos?

Sei, sei mesmo que somos salvos e libertos pelo inútil.
A propósito, este sol.

Vou ao Jardim da Estrela. Devagar.
E agora alguns o tal artigo:

«O elogio do inútil

Porque é o inútil tão importante? Porque o inútil é o subtrair-se à ditadura das finalidades que acabam por nos desviar de um viver autêntico. E a inutilidade é um viver perto do ser. Ela dá-nos acesso à polifonia da vida, na sua variedade, nos seus contrastes, na sua realidade densa. A polifonia da vida é a sua inteireza, a sua globalidade. A renúncia à exclusividade do útil para abraçar o inútil abre-nos a ela.

Jesus é o Mestre do inútil! Quando lemos os Evangelhos a partir desta chave, encontramos o seu desenho contínuo nas palavras de Jesus. Ele reconduzia cada um a fazer do obstáculo uma oportunidade para o encontro: e, no fundo, para uma abertura fundamental a uma vida segundo o próprio ser. Por isso em Lucas 12,22, Jesus desafia os discípulos:

“É por isso que vos digo: não vos preocupeis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem quanto ao vosso corpo com o que haveis de vestir, pois a vida é mais que o alimento, e o corpo é mais que o vestuário. Reparai nos corvos, não semeiam nem colhem; não têm despensas nem celeiros, e Deus alimenta-os. Reparai nos lírios, como crescem. Não trabalham nem fiam, não são úteis; pois eu digo-vos: bem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles”.

Temos uma vida espiritual muito burocrática. Vivemos como funcionários e quando morremos passamos a defuntos, isto é, aqueles que já não tendo função continuam a ser descritos a partir de uma função. R
Revemo-nos nos versos que Alexandre O’Neill escreveu em «Adeus português»:

“... nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver”.



Muitas vezes a oração surge ainda como espaço útil, e não como o lugar da abertura gratuita e essencial, (...). Não escapamos ao calculismo. Vivemos também aí, a nível da vida espiritual, de pé atrás. Como Sara, a mulher de Abraão, ficamos escondidos atrás do pano da tenda a sorrir baixinho, ironicamente, porque não acreditamos que seja possível a promessa. Adaptamos, mesmo a nível espiritual, um pragmatismo cheio de utilidade. Há uma página no Diário de Sebastião da Gama que nos aponta o dedo:

“A gente tem vergonha de beijar tudo; de amar as flores; de dar um passeio. Se beija uma árvore, é parvo; se traz uma flor na mão é maricas; se se enternece é fraco; se vai a qualquer parte para passear e ver o mundo, faz constar que foi em viagem de estudo ou em viagem de negócios; temos vergonha de ser sinceros, de que nos creiam parvos, ou maricas ou fracos, ou lúdricos, ou estroinas; e então perdemos o melhor da nossa vida; as nossas intenções, as nossas intenções mais belas”.

É preciso perceber como a inutilidade abre clareiras ao próprio ser e como precisamos delas para poder experimentar a plenitude.»

José Tolentino Mendonça

in O elogio da inutilidade

30.05.2008

Thursday, February 05, 2009

ENTRE TRINTA E UM DE JANEIRO E CINCO DE FEVEREIRO
















Dia Trinta e Um -
O André em Sta Marta. Aquela horrível notícia já «postada». «Pai, disseram que tive um enfarte.»
Eu fui andar.
Acontece que quase sempre me encontro com alguém.
Desta vez, na retrosaria e a propósito de lãs, destes trabalhos «este fio melhor que aquele para bebés», a senhora começou e de repente, já era a vida. «Desculpe estar a falar-lhe destas coisas todas, mas sabe, às vezes com os meus amigos é mais difícil, não posso dar parte de fraca, nem chorar». E eu, sem resposta.
O que é que se responde ao sofrimendo?

À noite - Um telefonema amigo e cheio de sabedoria duma amiga da minha mãe.
Que idade terá?
E que importa?

Dia Um -
Missa pela manhã.
O envolvimento maior de ser um amigo a celebrar.
À tarde - No hospital. «E a Teté?»
Fim da tarde - Outra vez à missa com o Manel. Sermos dois é um grande bem.
E dei pessoalmente os parabéns à Élia, grande Mestra, que fez anos.

Dia Dois - Nossa Senhora das Candeias
Teria feito anos a minha sogra (detesto esta palavra, já disse eu e já disse a Ana). Sempre lhe chamei «Mãe». Com gosto.
À tarde levei os Marias à catequese e doía-me de cada vez que falavam do pai. No fim do jantar, «Vá vamos ter com a mãe?» «Então não é o pai que nos vem buscar?»
Rapazes...

Dia Três -
Aniversário do nosso querido neto mais velho. O Bernardo. Dezoito anos. Já é maior.
Viva Bernardo!
Parabéns
Agarra a tua vida. Toda, meu amor. (ainda te vejo tão bebé , coisas de avó, já sabes)
Também eu recebi mensagens de parabéns de muita gente (que reencaminhei para a tua também super Mãe). Destaco a da tia Ana «Viva o Bibas.Viva a avó Teté com um neto maior em todos os sentidos.»
Na reunião da Bíblia, na paróquia, toda a gente fez uma acção de graças por este rapaz e um pedido de saúde para o André. E isto ajuda muito! A querida Maria do Céu «que ia já acender uma vela e fazer uma novena a Nª srª das Candeias. Fantástica.

Dia Quatro-
O André fez o cateterismo. O Manel, experiente e cuidadoso, telefona-lhe manhã bem cedo. Faz-lhe serenamente algumas recomendações.

Tentei que o Manel achasse que devíamos ir logo, logo. E ele «Mas para quê se não podemos entrar antes do meio dia?». Sempre mais ajuizado o meu marido.
Antes de sairmos de casa já a Ana nos telefonava. «Que já tinha acabado. E parecia que tinha corrido bem.»
No autocarro 74, porta a porta, de Campo de Ourique a Santa Marta, telefona-me o pe Vítor Gonçalves, grande amigo. « Vamos tomar um café». E também o André «Se eu lhe levava folhados da Aloma». Já não ia a tempo. Lá arranjei uns maus substitutos na Smarta. E o André zangado. Bom sinal.

Realmente o cateterismo tinha corrido sem problemas.
Gastei todo o meu saldo de telemóvel em mensagens.
A amizade compensa e merece tudo. E ainda p'ra mais uma boa notícia.

Deitei-me para a «sesta» lá para as quatro. Dormi até ao jantar.

Dia Cinco - O André voltou para casa.
Foi com a Ana buscar os meninos.

Louvado seja Deus!

E TOMA JUIZO, RAPAZ.
A gente tem que colaborar.

Hás-de ensinar isto bem ensinadinho aos vossos Marias. De certeza.

E AGORA, AO MESMO TEMPO QUE AGRADEÇO A TODOS OS AMIGOS, VOU TENTAR PÔR UMA IMAGEM EM HONRA DO BERNARDO E OUTRA EM HONRA DO ANDRÉ

Sunday, February 01, 2009

PATRIMÓNIO

O melhor património, Mãe, (e já o tenho aqui dito) foi essa coragem,
Esse viver a vida de frente e de pé
Sem queixas.

Ontem, quando soube do problema do André e vi o Manel «voar» para o hospital, achei que talvez fosse melhor dar-me um tempo para me encontrar e me «reconstruir».
Pedi ao Manel «Dá-me notícias, que eu vou andar». Eu bem sabia que tinha medo duma lágrima, dum vacilar qualquer. Andei pelo bairro.

Mas falava forte a tal coragem da minha mãe. Ela havia de me ter dito. «Que disparate, Teresinha. Vais e vais já. E nem uma lágrima.»
Também a minha cunhada Gaby quando da primeira operação do Manel me falou assim. «Vai. Aguenta-te».
E o que eu lhes agradeço.

Afinal é com surpresa que reconhecemos que guardamos em nós um tesouro de coragem. E isso é vida. Vida sempre.

À tarde fui.
Que bom foi ouvir o André perguntar ao pai «E a Teté?»
E eu estava lá.

Esta postagem é qualquer coisa entre uma prece e uma acção de graças.
É mesmo.

Sunday, January 25, 2009

EM LOUVOR DA VIDA

Faz hoje anos a A e a L.
Hesito.
A A não gosta de fazer anos.
Ou diz que não gosta.
Mas ousei. Peguei no telefone, quase a medo e surpreendi-me.
Estava feliz. Voz aberta e franca.

E disse-me «Olha, até já dei graças por mais um ano».
Boa!
Parabéns redobrados.

Por causa destas coisas que fazem a vida e parecem coisas de nada, é para ela, é para todos que deixo o poema de Torga, de que sempre gostei tanto:

BUCÓLICA

A vida é feita de nadas
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;

De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;

De poeira;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.


S. Martinho de Anta, 30 de Abril de 1937

Friday, January 02, 2009

NATAL EM JEITO DE COMPAIXÃO

De Adília Lopes,
porque diz «Natal» em jeito de compaixão:

«Amar uma pedra, um cão, uma osga, uma barata.
Amar uma pessoa que não gosta de nós.
Amar uma pessoa de quem não gostamos.
O amor é mais difícil do que a mecânica quântica.
Fernando Pessoa, num poema em que caridade rima com electricidade,
diz que não tem caridade.

Às vezes, aquilo a que chamamos amor não é amor:
- é exigir em troca
- é dar para que dês

Amar alguém é confiar nessa pessoa, não estar de pé atrás,
Acreditar nessa pessoa. Gostamos pouco uns dos outros,
Disse Tonino guerrra.
Quero amar e ser amado, dizia Jorge Luís Borges, é muito
Ambicioso, não é humilde.
Acho que devemos pedir só para amar.
É fácil amar quando a vida nos corre bem.
Quando a vida nos corre mal, insultamos o mundo e, às
vezes, insultamos Deus. Acreditar então nas coisas mais queridas,
mais pequeninas:
- as medalhinhas do nosso Baptismo, que entretanto foram roubadas,
se perderam..
- a imagem de Nossa senhora de Fátima comprada na loja dos 300.
- dois versos de uma oração de que esquecemos o resto.

Às vezes, a vida corre-nos muito bem e esquecemo-nos da
compaixão. A compaixão é o amor. Só a compaixão salva. Só
a compaixão é eterna.
O sofrimento nem sempre se vê. E o sucesso, como o desespero,
pode cegar.

Às vezes, temos grandes amigos e não sabemos. A padeira do
nosso, o vizinho do nosso prédio. Anos e anos a dizer:
«Bom dia! Boa tarde!», mais nada, e essas palavras bastaram.

O amor nem precisa de palavras. Mas as palavras sabem bem.»