Friday, September 30, 2005

UM SILÊNCIO

Este blog ficou silencioso.
Um bocadinho.
Eu nem tanto.
O tal feitiozito...
Não tem sido muito fácil esta falta de horário obrigatório, das campainhas, das entradas nas aulas. Era tudo uma espécie de 1ª Companhia. E eu sempre a perguntar aos meus alunos «Quando é que isto deixa de ser uma tourada?». Mas acabava sempre tudo muito bem. Uma cumplicidade enorme.

E a propósito de tourada, esta cena no país...
Na 4ªfeira eu, no«Meu Café» surpreendida pelo Manuel M Carrilho, sem me perguntar nada, a dar-me imensos papéis, sorrisos, a Bárbara uma pulseira rosa. Ninguém ouve ninguém. Um despachar de palavras...palavras.
Sinceramente acho que lutei pelo 25 de Abril.
Imenso sonho. A certeza de que pelo menos no ano 2000 (que era tão longe!) não havia mais guerras.
Nem pobres.
Nem injustiças.
o meu pai a apoiar. Sempre.
Todas as greves académicas. Alguns sustos...Uma mangueira à minha frente no Campo de Santana com azul de metilino (não sei se se escreve assim).
E só não fomos presos na cantina, porque perdemos o autocarro.
Mudámos o mundo?
Mudámos «quase». de certeza.

E agora, no dia 9????

E agora????

Wednesday, September 28, 2005

ONTEM, MÃE

Ontem voltei à escola. Tentativa de vencer um rio sem ponte.
Ontem tentei a ponte.

Ontem calámos o teu nome, mãe.
Calámos - não calámos? - esta ausência/presença para sempre.

Ao fim da tarde, caminhámos e fomos à missa. «Queres que vá dizer o nome da tua mãe?» O Manel disse que não.

Ontem.
Sempre.

Mãe.



Tuesday, September 27, 2005

E ...

e O Manuel e eu a namorarmos no Ruacaná, até às 11h da noite (limite máximo para voltar para casa.. namoro nos anos 60 só assim... mais umas escapadinhas muito secretas que não confessámos nem confessamos)
O Paulo e o Jorge tinham nascido. Lá estavam numas alcofas.
Hoje vamos lá almoçar imensas vezes.
Sempre bom.

A ALOMA REABRIU!
IGUAL!
OS MESMOS PASTÉIS MAIS PEQUENOS... A CRISE, MAS TÃO BONS...

Monday, September 26, 2005

O VERDE GAIO E OS PAVÕES DO JARDIM DA PARADA

Lembro-me sim dos pavões do Jardim da Parada. Um barulhão à noite... Do Verde Gaio a levar comida a casa, não me lembro mas sei que sou desse tempo.
Sou até do tempo da fava rica. Uma panela enorme, à cabeça de uma senhora que subia as escadas do nosso prédio. Era o cheiro do meu acordar. Um cheiro horrível, delícias do meu pai.
E o quartel com magalas e tudo. Eu a fazer esse caminho, de casa para a leitaria, da leitaria para casa, miúda, tão miúda, muito direita, muito rápida. A garantir à minha mãe que ninguém se metia nunca comigo. Mentira, mãe...

E o Canas! Eu, felizmente inconciente, curiosa, dezasseis anos, a distribuir à porta desse café os papéis da candidatura do Delgado. Os meus pais deixavam, incentivavam até. Hoje agradeço-lhes muito. Talvez eu nunca tivesse tido a coragem de o deixar aos meus filhos.

Tantas, tantas ruas,
recantos,
gente por onde nos entra o sonho. E faz a vida.
Para sempre.
Para sempre mesmo.

Bem-hajam.

É que não vai dar para desistir da esperança.

Friday, September 23, 2005

PENSAR CHATEIA E DÁ MUITO TRABALHO

Pensar chateia. Dá trabalho.
Li as achegas ao meu comentário de ontem.
É a Comincação Social.. Mas a gente tem vindo a deixar.
Estou tão zangada.
Pensar dá um trabalho enorme. As imagens passam. Sem que a gente se pergunte «o que é que achaste?» ou diga que não pode ser.
É vulgar, entre nós, A essa pergunta «O que é que achaste?» haver um vazio e assim «Jà nem me lembro, não liguei.»
E como é que num país sem dinheiro para nada, o consumo das revistas cor de rosa, não pára de aumentar?
A gente deixa mesmo.
Bom, vou começar o dia.
Parece que estou a ficar radical.
E não me arrependo. Mesmo nada.

Thursday, September 22, 2005

ESTOU ZANGADA

Não gosto de zanga-me. E não desisto de causas.

Desistir não desisto.
Mas estou zangada.
Fátima Felgueiras. Uma multidão de apoiantes. Entusiasmados.
Onde é que eu estou.
Sempre refilei com muitas coisas. Um amigo até já me ofereceu simbolicamente um livro de reclamações.
Filas enorme nas paragens de autocarro. Autocarros que não são para pessoas.E tantas coisas.
Pronto, refilo
A minha mãe não percebia e irritava-se. Dizia. «Para que é que dizes essas coisas? Não resolves nada.»
Não acredito, mãe. Não acredito que não resolva nada.
E agora Fátima Felgueiras. E campanha em directo. Paga também por mim.

Estou mesmo muito, mas muito zangada.

Usemos a cABEÇA E SEMPRE QUE POSSÍVEL AS PALAVRAS.

Wednesday, September 21, 2005

NÃO À REFORMA

Ontem foi fantástico.
Tenho andado sem jeito a ver o é que faço ao tempo da reforma... Não é deprimida. É a tentar os meus passos doutro jeito. E com saudades, verdade.
Mas ontem um amigo escreveu-me um email em que dizia «Tu não tens reforma possível. Covence-te disto.» Fiquei tão contente, mas tão contente...

Este Blog tem sido também um espaço de alegria. Outra janela... E isso é muito bom!

Monday, September 19, 2005

AINDA AS JANELAS

Também são histórias
e são laços
e são gente as janelas que dão para a frente.
A esta hora, vejo a tua, Mariana.
Há luz na sala.
O que é que estarás a fazer? Já nem te lembras daqueles verbos enormes...
No ano passado foste minha aluna e foi tão giro quando escreveste um texto sobre a tua rua e de repente descobrimos que moravas mesmo em frente de mim.
No dia seguinte toda a turma sabia «que a professsora teve visitas ao fim da tarde» e «que o marido da professora é aquele senhor que passa o dia no computador».

Tenho saudades tuas. Tenho saudades de vocês todos.
E da escola.

Qualquer dia, antes que chova, convocas a tua turma toda e vêm lanchar no meu quintal.

OK?

CAMPO DE OURIQUE

O meu bairro é Campo de Ourique.

Está na cara , não está?

Sunday, September 18, 2005

PALAVRAS

Ainda bem que as janelas das traseiras não reproduzem frases.
Agora mesmo eu disse este non sense
«Queres que eu ponha o pulso ao pé dos pés?»

Manel - O quê?

Eu- Sim, o pulso elástico ao pé dos pés elásticos.

Bem, ...

As janelas das traseiiras não contam tudo.

JANELAS DAS TRASEIRAS

No meu bairro sabemos quase tudo pelas janelas das traseiras. Sobretudo à noite. Dá mais tempo.
Se nasce uma criança, se alguém está doente, há mais luz nas janelas das traseiras.
A semana passada recebi no voice mail esta mensagem «Não se aflijam se não virem a minha luzinha. É que vou uns dias para fora.»

Hoje a luzinha voltou. Telefonei-lhe.

As janelas das traseiras são laços.
São gente.
São notícia.
São ternura.

E isso é muito, muito bom.

Saturday, September 17, 2005

INÍCIO

Obrigada, André...
Obrigada, Aninhas...
E fica por aqui a expressão escrita dos agradecimentos, que são tantos!

Para o/a visitante que não sabe como me há-de chamar, tudo serve e isso é bom, porque tenho imensos nomes o que também é bom.
Eles vão ajudando a contar as histórias de que tem sido fe vai sendo feita a vida. Não vou explicar todos hoje. Mas, com a memória da Leitaria Ecila, Teresinha é o que melhor se lhe cola.

Mãe do André, mãe da Maria, Avó Teté para os cachopos (menos para o António que ainda não sabe dizer, claro), a mulher do Manel, a Teresa Frazão, a setora, a professora (gosto muito deste nome).
E calha tão bem este Blog, agora que eu pedi reforma (65...tem que ser) e ainda não me habituei.
E fica por aqui hoje. Estou tão contente com este espaço de encontro e troca, porque tem sido isso a minha vida toda.

Não tenho o humor do André,
mas quero ter uma palavra para cada um.

Thursday, September 15, 2005

Ecila

... foi o nome da leitaria onde passou a meninice. As histórias das pesagens, dos rótulos de água mineral trocados, dos clientes, do bairro que ainda é o seu. Este blog é para a mãe escrever o que lhe der na gana. E ganas, sabemos nós que não faltam por aí...
Dê-lhe vida e boa sorte.