Thursday, September 18, 2008

A CRISE FINANCEIRA E NOVELOS EMARANHADOS

Acabei de ouvir o dr. F. Ulrich que comparou a crise financeira com os novelos que uma avó trabalha e que são emaranhados pelos netos.
Conheço bem esta situação - novelos emaranhados pelos netos.
E quem vai lá por casa também a conhece.

A pergunta é quase sempre «A avó dá-nos um ou dois novelos?»
Das primeiiras vezes, dei. Achei piada.
Mas... tornou-se grave.

O visado era sempre o Avô.
«Vamos prender o Avô.»

E os fios percorriam toda a casa.
O Manel obrigatoriamente sossegadinho no maple, preso por fios.
Os novelos não ficavam só emaranhados. Todos completamente desmanchados.
(Sem concerto).

Perdão, perdão sobretudo aos meus alunos, que lhes fiz a vida negra com os erros de ortografia. Leia-se CONSERTO.

Os fios pela casa toda.

E o Avô só liberto quando eu os conseguia a custo cortar com a tesoura da cozinha.

De qualquer forma ligou bem comigo esta imagem usada por F. Ulrich.
Numa época em que parece que já ninguém tira prazer em tecer um casaco ou uma mantinha...
E sei que a paciência e a sabedoria de uma avó é mesmo capaz de voltar a dobar os novelos.
Direitinhos.

Wednesday, September 10, 2008

DE NOVO,O ALGARVE...

Chegámos
De novo.

Chegámos tão tarde. Lá fora já é noite.
Atravessámos de carro a famosa «rua de cima». Tantos mundos.

O Manel já se deitou «um bocadinho». Vestido. Adivinho o pior....

Amanhã, há-de ser o mar.A areia. Mal que chegue à varanda do terraço.
E é como se fossem as férias todas. As do liceu com a barraca alugada, onde só cabiam os sapatos. Depois os m meus filhos. Primeiro só a Maria e isso era tranquilo (claro, já me esqueci do eléctrico e eu cheia de sacos de Galamares até à Praia das Maçãs...). Depois, o André, os meus sobrinhos, uma confusão.
Depois Lagos. A Zezinha. O Manel um pai estremoso. Eu à conta de uns postais, dava umas escapadinhas para a esplanada.

A vida assim.
Com muitos nomes.Muitos lugares.
E muito mais afectos.

Saturday, September 06, 2008

MÃE, EU NÃO SEI NADA....


A G mandou-me uma daquelas mensagens com anexos, que não costumo abrir.
Chama-se «A cadeira».
Esta é uma palavra que sempre foi para mim muito especial (tão longe e tão belas «As cadeiras» de Ionesco!).
Curiosa abri o tal anexo que falava de uma cadeira vazia, ao lado da qual é preciso que nos sentemos para falar com Deus.
E como precisamos da cadeira vazia para falar com Deus
para falar connosco
para esperar alguém.
A cadeira.

Logo a seguir (sabe-se lá porquê) lembrei-me, isto é, não me lembrei de um poema que recitávamos nos pequenos/grandes teatros da escola. Só sei do que se tratava. Uma rapariguinha, que chegava junto da mãe, ao fim de um dia de aulas e dizia, feliz «Oh mãe, eu já sei tudo!»
Olhou então os olhos tranquilos e calados da mãe e, entendeu.
O poema terminava com ela a dizer
«Oh mãe, eu não sei nada!»

Gostava de ter dito isto à minha mãe.
Mas estou a tempo de o dizer hoje a todos.
Aos meus amigos
Aos meus filhos
Aos meus sobrinhos
Ao Manel
Aos meus alunos
A cada um dos que cruzam os meus dias

E depois, ter essa cadeira vazia. E só dizer o silêncio.

Obrigada, G, pela «cadeira».