Saturday, August 30, 2008

FAZER ANOS EM TIBALDINHO



Faz anos o nosso rapaz.
Quer dizer, o primeiro dos nossos rapazes. Os outros são netos…
Hoje, o nosso filho André.
Para quem anda por aqui, o André é o dono da «Caixa de Costura».

PARABÉNS, ANDRÉ.

Acordei em Tibaldinho. Cedinho, o meu costume. Lá fora o cantar de um galo.(de dia, onde estarão os galos? E os outros animais da tua infância?)

Na memória, o dia em que nasceste.
Na cama, a meu lado, o pai. Sossegadinho. De vez em quando inconsciente, pergunta-me pelos meninos.
Os cachopos dormem ainda.

Começo da manhã. Serenidade. No campo, que isto ainda é campo (da janela ainda é verde o que se avista. Mas até quando? pergunta que na verdade não interessa nada…).

Cedo demais para mim, no corredor uns passitos ainda leves. Simula um susto à porta do nosso quarto. O Manel Júnior. Um abraço terno. «Parabéns, Manel. O pai faz anos.». «Parabéns, avó. O pai é o seu filho.».
Tal qual.
E outros passitos. O António.
Pronto. Salto da cama.
E é já a grande confusão.
Posso jogar no seu computador?.
Vou ao sótão ver os morcegos.
A bola, no quintal.
Avó, quero ver o DVD
.

Lembro-lhes que o João e o avô ainda dormem.
Nada.
E eu a querer escrever.

Rapazes.
Vocês dizem e são a vida. Garantem que ela «gira, como bola colorida».

E à falta de outro sossego, mergulhada na vida pelos teus filhos:
PARABÈNS ANDRÉ.

Hoje.
E todos os dias.

PS - Traduzindo: o André tem estado em Tibaldinho com os cachopos. Ontem foi ter com a Ana a Leiria. Voltam daqui a bocadinho. Almoço no Cortiço. Bolo do Patronato de Mangualde. Boa!
PS - A «foto» é do André, dois aninhos, de gato, muito chateado. Era o que havia. Meu rico menino... Mães!!!

Friday, August 22, 2008

PARA AGRADECER


Quando fiz os tais 68 em 8 do 8 de 2008, encontrei numa página da Net um texto de Vinicius de Morais ( que adaptei e escrevi num cartão e a que juntei a imagem de um abraço) para dar como agradecimento a alguns amigos que me deram os Parabéns.
Gosto muito do texto e aqui vai ele (pode ser que encontre a imagem, já sabem que não me ajeito, mas ... vamos ver):

«Procura-se um amigo (...), que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples(...).
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade(...).
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Um amigo que nos bata no ombro sorrindo ou chorando, mas que nos chame amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.»

Vinicius de Morais


E ainda nesse dia 8 do 8 de 2008, recebi um telefonema de um amigo a quem eu tinha dado o tal cartão. Não é pessoa de muitas falas. Mas quis telefonar-me. Disse:


«Teresa, melhor do que «precisar-se de um amigo», é «ter-se um amigo».

E é mesmo.

Mesmo.


Bem-haja. A todos.



DE VOLTA...

Em Tibaldinho há mais de uma semana.
Nem agradeci aqui os parabéns pelos anos. Escrevo agora a gratidão. E a alegria. Em 8 do 8 de 2008. 68 anos!
Bem-haja a cada um (na Beira não dizemos «obrigada» nem «obrigado»).

Não tem sido fácil o meu acesso à Net (o Manuel continua a trabalhar, vá lá... Concordo que pelo menos a cabeça resiste melhor).
Então, com pouco tempo (um nadinha enquanto ele faz uma sesta), lembrei-me que há cerca de um ano comecei a escrever sobre esta casa. Procurei o texto e aqui vai, porque as palavras desajeitadas estão envoltas em ternura e na nossa vida toda. Diz assim:

A CASA

A casa tem p’raí cem anos.
Não é de pedra como as casas da Beira.
É uma casa de emigrantes que vieram do Brasil, princípio do séc XX.
Sempre que voltamos quando o carro faz a última curva e a vimos ali, inteirinha e tudo, é um alívio.
«Ainda não caiu».
Lá está ela. Sempre de pé. A precisar de obras de fachada, com os portões numa desgraça, estragados e feios. Ainda abrem e fecham, mas às vezes precisam de uma trave para os aguentar.

A casa …

ESTE ANO

A casa continua a aguentar-se.
Já tem os portões todos novos, mas nenhum é de madeira. Sinais dos tempos...
A Maria e o Paulo pintaram a porta de cima.
Encomendámos outra porta para a cozinha.
As cadeiras tão antigas, de palhinha, cada ano mais esburacada pelos dedos dos meus netos, já estão arranjadinhas. E LINDAS MESMO.

Mas faltam sempre tantas coisas, tantas.

Pensando bem as casas parecem-se com a vida.
Julgamos que são fundo perdido.

E este é seguramente o maior legado.
Aquilo de que ninguém se vai esquecer.

E nem tenho uma fotografiazita... A ver se o Manel dá uma ajuda.

Wednesday, August 06, 2008

GOSTO....

Quero ir ver «A Outra». Fazer malha. Sossegadinha ao pé do Manel.
E também quero escrever. Um nadinha que seja.

Quero dizer aquilo de que gosto. É uma lista enorme. Vou-a escrevendo aos poucos, cada dia.

Gosto de laranjas.
Gosto dos limoeiros do quintal.
Gosto de sítios de que ninguém gosta- centros de saúde, filas nos correios. Toda a espécie de filas.
Gosto de combóios.
De estações de comboio e de ver o comboio a ir, na curva.
Gosto de percorrer sozinha as ruas das cidades. Porque assim as torno minhas.

Sobretudo eu gosto muito de gostar. Preciso muito de gostar. Sei que é assim que vivo. Parece que só assim posso viver. Gostar.

A lista há-de amanhã continuar.

Saturday, August 02, 2008

Do «Diário» de Etty Hillesum

Transcrevo um quase nnada, que hoje teve tanto a ver comigo:

«Algum tempo atrás, tinha dito para mim mesma:«Vou exercitar-me a ajoelhar.» Ainda tinha demasiada vergonha desse gesto que é tão íntimo como os gestos amorosos, acerca dos quais ninguém consegue falar a não ser que seja um poeta.»