Pelo dom do silêncio.
Nesta hora.
Nestas horas.
Friday, October 31, 2014
Monday, October 27, 2014
A HORA QUE MUDOU, UM QUARTO DE HORA A MAIS
Sempre que a hora muda, lembro as palavras de Sebastião da Gama que me deu a conhecer a sempre minha professora Manuela Granés.
Assim:
«Que bom ter o relógio adiantado!...
A gente assim, por saber
que tem sempre tempo a mais,
não se rala nem se apressa.
O meu sorriso de troça,
Amigos,
quando vejo o relógio
com três quartos de hora a mais!
Tic-tac, Tic-tac
(Lá pensa ele
que é já o fim dos meus dias.)
Tic-Tac, ...
(Como eu rio, cá p´ra dentro,
desta coisa divertida:
ele a julgar que é já o resto
e eu a saber que tenho sempre mais
três quartos de vida.)
Assim:
«Que bom ter o relógio adiantado!...
A gente assim, por saber
que tem sempre tempo a mais,
não se rala nem se apressa.
O meu sorriso de troça,
Amigos,
quando vejo o relógio
com três quartos de hora a mais!
Tic-tac, Tic-tac
(Lá pensa ele
que é já o fim dos meus dias.)
Tic-Tac, ...
(Como eu rio, cá p´ra dentro,
desta coisa divertida:
ele a julgar que é já o resto
e eu a saber que tenho sempre mais
três quartos de vida.)
Saturday, October 11, 2014
FIO QUE DESLIZA
Não consegui encontrar imagens das
quintas que o meu avô cultivava no Campo Grande.
Também nelas vivi, criança e menina.
Feliz e livre.
Uns quatro anos mais tarde já não havia
quintas,
Não mais esses lugares onde crescera
entre papoilas, vacas, hortaliças.
E aí voltei entusiasmada e estranha,
quando entrei na faculdade, o primeiro ano de Letras, de Direito, de Medicina,
no Santa Maria.
Para vir para Campo de Ourique tomávamos
um autocarro (verde) numa paragem na grande rua.
Entrei num mundo outro, que estranhei e
amei.
Num caderninho de poemas de 58 leio esta
estranheza em metáfora de autocarro.
Assim :
" Que estranho é estar impaciente
à espera que passe um autocarro verde.
Como se ele não tivesse que vir
e não fossemos levados como os outros
e sentados depois num banco sempre igual
p´ra cada um,
um banco que não é azul,
mas verde
como a realidade verde
dum autocarro-vida que desliza.»
Bom seria voltar a esta unidade.
A infância, uma quinta.
A juventude, a novidade de uma paragem de autocarro-vida que desliza.
Que sempre desliza.
E agora volto a esta malha, prece de afecto e de ternura. E julgo que
desvendo o mistério.
Fio / Vida que desliza e se firma.
Sempre em pontos de afecto.
Lançado na infância
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