Tuesday, November 29, 2005

VOLTAR À BAIXA

Hoje voltei à Baixa.
Ao Chiado.
A propósito de comprar velas para o Natal naquela casa única do Loreto.
E fui à Brasileira. E sentei-me como sempre numa mesa bem perto de outras tantas caras conhecidas que sempre por lá vi.
Encontrei um escultor, Virgílio Domingues (não tenho a certeza), que foi professor de um dos meus filhos.
Perguntou-me que idade tinham eles.
E confessou-me a confusão que lhe fazia ver antigos alunos que já são avós.
Também a mim.
Recomendei-lhe (e recomendei-me) que não fizesse contas.

Enquanto a gente tiver sol. E ruas.
E pessoas...

Voltar à Baixa é mesmo bom.

Friday, November 25, 2005

COMO MUDÁMOS

HOJE NÃO ESCREVERIA O TEXTO ANTERIOR.
O QUE A GENTE MUDOU!

E ACREDITAMOS?

ACREDITAMOS, SIM SENHOR.

25 DE NOVEMBRO

PARA NÓS FOI MESMO TRISTE.
O 11 DE MARÇO ERA A ESPERANÇA.

VOLTEI À LEITARIA ECILA

Voltei ontem à Leitaria Ecila. Ao fim de cinquenta e um anos.
Passava muitas vezes no passeio estreito. Mas mal espreitava.
um medo enorme desse reencontro com o que não podia mais voltar.

Hoje «A leitaria Ecila» chama-se «chaq.b».
E, tive um pretexto - os anos do meu neto António, o mais pequenino. Um bom chá, faria jeito.
E, - surpresa! -, quando entrei «Teresinha, tu por aqui...». A senhora que atende, brincou toda a infância comigo. Tive vergonha de lhe perguntar o nome, que não sei.
Fui-me ficando sem pressa.
A cada pessoa que chegava, a senhora dizia «A Teresinha era a dona desta loja». E lá vieram histórias. Contadas devagar.
E o espanto. O leite transportado em carroças da quinta onde mais tarde foi construído o Hospital de Sta Maria.
E a festa de andar de carroça. De Campo de Ourique ao Campo Grande.
E outras.

A leitaria vende todos os chás. Raríssimos. Fantásticos.
Experimentem.
É na R. Silva Carvalho,116 em Campo de Ourique, claro.
E-mail:cha.qb@netabo.pt

Thursday, November 24, 2005

PROFESSORES

Vi/Ouvi «Prós e Contras» com a Ministra da Educação.
Gosto dela.
E quero dizer que uma aula de substituição pode ser muito boa.
E que as dei muitas vezes. Sem decreto. Com gosto. Ao princípio os alunos não gostam. O pátio é sempre mais divertido.
O trabalho numa escola não tem fim.
O tempo não chega nunca, nem que seja para apenas falar, estar de outro modo...
Esta guerra toda parece-me «só para chatear». Posso estar enganada, mas admito-o com dificuldade.
A verdade é que a escola só existe por causa dos alunos.
E os nossos alunos precisam de tudo. E merecem. Eles são «a nossa gente».
E a nossa vida.

Wednesday, November 23, 2005

QUE COTA!

Como é que eu publico o mesmo texto duas vezes?

Que burrinha...

SorrY

OS DEDITOS DOS MEUS NETOS

Vou subir a um escadotezito e tirar de lá de cima o presépio enorme.
Veio da infância do Manuel e do António.
Todos os anos lhe acrescentamos qualquer coisa.
Dantes íamos aos Armazéns do Chiado.
Naquele fantástico eléctrico 28, que ainda existe e ainda para lá vai.
Comprávamos mais uma ponte. Mais um moinho com velas. E imensos carneiros. De todos os tamanhos.
E a festa continuava a comermos fantásticas torradas lá nos Armazéns.

Hoje, volto a comprar mais umas peças no mercado de Campo de Ourique.

E não há quem não goste do presépio.
Eu sem jeito nenhum e o Manel sempre a inventar como pôr mais umas luzes ou aquele espelho a parecer um rio.

O melhor de tudo são os olhos dos meus netos.
Como eram os dos meus filhos.
E os deditos dos mais pequenos.
A apontar.

Eles sabem a esperança.

DE VOLTA

A Leitaria Ecila esteve silenciada.
E eu cheia de saudades.
Às vezes, entre tarefas outras, parece que não há nada de jeito para escrever.
E há sempre a vida.
Assim. Em pedacitos.
Nesta janela/porta que é tão boa.
Cá estou.
Obrigada, Aninhas, pela forcinha que ontem mandaste. Em jeito de metáfora.

Tuesday, November 08, 2005

OUTRO CASAL VENTOSO

Quando eu tinha uns quinze anos e nada nos separava do Casal Ventoso, numa das muitas idas que lá fazia, vi (vi para sempre) esta situação que tento dizer - uma senhora inválida numa cama, tratada por uma filha quase criança e deficiente, num quarto sem tecto.
Esse quarto sem tecto, exposto a todas as intempéries não me largou nunca. Felizmente. E peço a Deus memória até ao fim.
Ontem o Manuel teve lá uma reunião no âmbito do ICNE.
Do que me contou, fica este sentimento de impossibilidade. Esta angústia da minha/nossa impossibilidade. Ou distracção voluntária.
As paredes têm tecto.
Mas como chegar lá?
E dói.

A MARCHA

Há vinte anos, passámos cá em casa um vídeo de uma curta metragem chamada «A Marcha». Na altura impressionou-nos muito, mas tentámos o tal olhar distraído, de qualquer coisa, longe, muito longe.
Mal que nos chegaram as notícias de Paris, o Manuel e eu dissemos «Tal qual a marcha».
E é.
Ontem vi «Prós e Contras». Maria José N Pinto, Barata Moura, D. José Policarpo, António Pinto Leite.
E gostei.
Continuamos a procurar e a lutar.
Às vezes, com pouca esperança.
Mas lutamos.
Há-de valer.
Tem que valer.

Sunday, November 06, 2005

LAÇOS

Um grande bem haja a todos os que escrevem um comentário neste blog.
Assim vamos criando laços, contando histórias, fazendo história.
Bem bom!

AS FESTAS DE ANOS E OUTRAS QUE NÃO SÃO FESTAS

Vamos lá ver se temos um intervalozinho.
Uma paragem, pequenita que seja.
Os rapazes continuaram a fazer anos - o Pedro em Évora no dia 4, o João Maria em Lisboa no dia 5 e hoje, o Henrique.
Vá lá príncipes dêem-nos um espacinho, uma pausa.
Hoje também em Campo de Ourique, o cortejo histórico com a figura de Nuno Álvares e outras dessa época que Fernão Lopes tão bem nos conta e que saíu com tão pouca graça.
Gostava - não gostava - de ser menos exigente.
Chateio-me muito com este género «épater le bourgeois», tão em voga e tão aceite.
Ninguém percebia quem era quem, mas os cavalos da GNR faziam muita vista.
Que pena as pessoas não serem o mais importante!
Cavalos.
Imagem.
Porquê «só para fazer vista»?
E o povo gosta?
Tenho muito mais pena ainda!

Tuesday, November 01, 2005

A leitaria Ecila

Começamos hoje a festejar.
Em dia de Todos os Santos, um cozido à portuguesa. Com todos.
Eu a descascar legumes até esta hora.
Cansada. E contentíssima.
Quero assinalar esta festa.
E a confusão que vaI na nossa casa.
Foi sempre assim. Em casa dos pais do Manel.
Em casa dos meus pais.
Agora, sem eles (ou com eles) sentamo-nos à mesma mesa, a mesa que era deles e já vinha tão detrás.
Pomos a uso os mesmos pratos e até os copos de cristal.
Viva este gosto que temos!
Disto os nossos filhos lembram-se. «A mãe sempre faz o cozido?»
E os nossos netos vão lembrar-se também.
E assim se faz a nossa história.
E também a história.
Para todos os que lerem este blog, um dia de todos os Santos com festa, muita festa.