Sunday, November 30, 2008

CHARADA

Tenho um amigo que vive num castelo.

Com esta idade toda eu nunca tinha visto um castelo a sério.
Fica no coração da cidade.
Tem uma infinidade de portas.
É preciso abri-las com chaves.
Todas diferentes.
Corredores
em muitos planos.

Pode parecer que uma pessoa se perde.
E não.

Este castelo,
estes corredores
dirigem-nos sempre, de forma estranhamente misteriosa e natural,
até a um encontro qualquer
que
- comigo aconteceu assim -
geralmente é o encontro connosco.

COISAS SIMPLES...

Hoje, o Manel passou-me o telefone.
O meu neto mais velho. Dezóito anos quase. Mesmo quase.
Procuro as palavras adequadas.

- Diz lá, B.
- É só para dar um beijo à avó.

Coisa linda e boa.
Digo-lhe a surpresa e o bálsamo.

E ele:

- Um,não, avó. Muitos.

Noite abençada.
Vida grata.
Oração.

Tuesday, November 25, 2008

SAUDAR A INÊS DE CASTRO, A PAULA ROLÃO (? NÃO TENHO A CERTEZA DO NOME...)

Tenho estado calada, com uma série de ocupações.
Mas saltei de um texto que tenho ainda para enviar hoje.
Para dizer que neste «P'rós e Contras» tenho IMENSA VERGONHA da figura que tem feito a maioria dos professores.

E uma saudação à Inês (lembras-te que nem sempre concordámos nos anos que estive contigo no Monte da Caparica. Já tantos, não é? O meu afecto e saudades. A ver se vou a um almoço de Natal.)e à Paula Rolão.

Vou continuar o meu texto.
E a ver se volto com mais calma.

Sunday, November 09, 2008

HOJE ...

Hoje estava um belo dia de sol.
O Manel, bem melhor.

Fomos ao fim da tarde ver «A Turma» (bem melhor o título francês «Entre murs»).

Nem eu nem o Manel gostamos de dar opiniões logo a seguir a ver um filme.
As imagens como as palavras digerem-se Comem-se.

Só a recomendação de que vale a pena.
É a visibilidade de um universo que se não conhece.
E dá para reflectir que não há por um lado «bons» e por outro «maus». Que nem tudo é «tal qual».

Como tudo.
Como a vida toda.

Saturday, November 08, 2008

OUTONO, CASTANHAS E COMO É BOM PISAR AS FOLHAS SECAS

Ai, o Outono e a beleza das folhas secas na cidade!
E as castanhas! Esse cheirinho. E o fumo, suspeita de mistério em cada rosto.

Era quando eu escrevia um postal à minha mãe em Tibaldinho (ou era mais cedo?) a dizer «Mãe, venha, que já há castanhas.». Ela vinha. Por dois ou três dias a nossa vida era um paraíso. Depois, voltávamos àquele «cão e gato» de mãe e filha, que é como tanta vez se diz o amor.

Hoje quero pedir («pedir», mais para o lado de «ordenar») aos meus netos que se alegrem e pisem mesmo as folhas secas (Bernardo, lembras-te, uns primeiros passitos na Praça do Giraldo? Bem vês que «nada como o tempo para passar»…).
E também, mesmo com a crise, vá lá, arranjem maneira e também um eurozito para umas castanhitas assadas.
Aquele cheirinho… Aquele fumo…
Mistério a vida toda.
Em tudo.

INTERVALO

Mais parece um vazio.
Mas não.
Foi um tempo em que o Manel de novo se submeteu a uma intervenção. Aqueles desentupimentos de artérias. Tudo programado, mas… Pronto, correu bem. Graças a Deus e aos médicos. A todo o pessoal do hospital. E ao afecto dos filhos. Dos amigos. Dos vizinhos.
E também das presenças,das memórias. É nestas alturas que me lembro tanto da minha mãe. Dessa coragem a vida toda. Dessa capacidade de tudo enfrentar. De pé.