Sunday, September 29, 2013

RESISTENTES

Às vezes, muitas vezes, a chuva é a serenidade por fim poisada nos dias. Hoje, dia de votações autárquicas, a chuva é mais uma razão inventada para não ir votar. Bem ao contrário, um casal muito idoso, talvez com poucas posses e muitas despesas de saúde, afirmou-me ontem convicto no supermercado "Vamos votar. Vamos, claro. Não ficamos mais pobres por ir de taxi". E de certeza, vão. Que indiferença, que inércia deixa p'raí tanta gente sentada e adormecida no sofá da sala? A televisão serve. Prende-nos numa gaiola QUE NÃO É A VIDA. A vida hoje está na rua. Ainda que com muita abstenção. MAS RESISTENTE.

Saturday, September 28, 2013

VOU VOTAR, MAS NÃO É UMA FESTA

Vou votar. Vou votar mesmo. Luto académico de 62. Desde sempre a Vida se teceu em causas. Em valores. Em muita teimosia. E muita convicção. Hoje ir votar é uma consciência. Mas não é uma Esperança. Não é uma Alegria. Como estarão amanhã as ruas do meu bairro?

Wednesday, September 25, 2013

GOSTAR DE FRANCÊS

Não é difícil encontrar uma boa notícia em cada dia. No sábado, foi tão inesperado. A Mãe tinha-me dito que o Manuel estava a gostar de Francês. Com sorrisos, o do rapaz é mesmo lindo, provoquei-lhe duas frases. Boa pronúncia mesmo. E na segunda-feira lá estava eu no Instituto Francês a subir uma escada, com a minha linda bengala e o entusiasmo dos meus dezasseis, dezassete anos para comprar um livrito ao Manuel.Nesse dia e no outro e no outro talvez, tu foste, no és também o meu alento. UMA BOA NOTÍCIA.

Sunday, September 22, 2013

OUTONO

Estamos tão cansados deste calor. Estamos mesmo tão cansados. De viver assim. Amanhã ou hoje mesmo é sempre um dia tão incerto e tão difícil. Cansam-me até as ruas do meu bairro. Os rostos sem sorriso. Espelho dos meus. A vida sem Esperança. Ou quase. A vida sufocada. E chega assim o Outono. Quase certa é a alegria de poder pisar as folhas secas. E agarrar a serenidade de um qualquer vento fresco. Que há-de vir.

POR UM QUILO DE CENOURAS

No fim de semana passado fui ao encontro do Pedro Nunes - o euro, Portugal, a Europa. E o meu liceu. Aí fui aluna. Uma década depois fui professora. "Estou em casa". Mas, o assunto desta postagem é o euro. Foi para mi uma aprendizagem muito básica. Eu tinha ido à praça na véspera. As cenouras custavam 80 escudos. O euro passa a ser a nossa moeda. Volto à praça. As cenouras custam 80 cêntimos. Insurjo-me. A resposta que recebo é "Mas é muito barato. Nem custa 1euro."Não sei se esta é a razão por que estamos neste estado. Mas é também uma razão. Pensar não é coisa muito complicada. Parece-me. Não, tenho a certeza.

Tuesday, September 10, 2013

Sunday, September 01, 2013

NO FUNDO DA GAVETA, UM POEMA

Em Tibaldinho, entre tarefas bem pouco agradáveis, tarefas que me passavam ao lado porque alguém as fazia por mim, há pequenos/grandes milagres em gestos de nada como por exemplo abrir uma gaveta. Foi naquela da mesa da televisão que encontrei, como recordação do casamento da Cláudia e do Luís, este poema de Eugénio de Andrade. Deixo-o aqui. O meu sustento de poesia. Hoje. "Aqui e estão as mãos./ São os mais belos sinais da terra./Os anjos nascem aqui:/frescos, matinais, quase de orvalho,/ de coração alegre e povoado.(...)/Alguns pensam que são as mãos de deus,/ - eu sei que são as mãos de um homem,/trémulas barcaćas onde a água,/a tristeza e as quatro estações/penetram, indiferentemente./ Não lhes toquem:são amor e bondade./Mais ainda:cheiram a madressilva./São o primeiro homem, a primeira mulher./E amanhece."