Wednesday, August 29, 2007

VÉSPERA


Aguardámos-te na noite.
O pai e eu.
A Maria que ficou em casa da avó Céu e a passear com o tio João.
Os avós e a tia Belmira com nota especial para a avó Alice, que deve ter estado sempre acordada, sabes que ela era assim. Para de manhã chegar super cedo aos «empregados do comércio», antes de qualquer horário permitido.
Esperámos-te tranquilamente. Não tive dores. O pai nem acreditou quando lhe disseram que «estava feita a dilatação». O pior foi depois, ...

Nasceste às 10h30 do dia 30. Um bocadito feio, é verdade.
Lindo depois.
Parabéns André!
Parabéns, Aninhas.
Parabéns, Marias.
E parabéns a todos nós.
Aos teus amigos todos.

PAIXÃO PELA BEIRA ALTA


Às vezes andamos à procura de quê?

Aqui tudo tem MUITA histótria. Muita vida.

Não há pedra que não fale.

Caminhos. Tantos.

Deixo-vos hoje «outro cheirinho», enquanto a tal máquina do Manel não conseguir tirar uma fotografia à nossa casa que ameaça cair e nunca cai.


Hoje, Linhares da Beira

Tuesday, August 28, 2007

CASTELO NOVO E ALPEDRINHA



Estes são alguns lugares da infância do Manuel.
Revisitá-los assim, o Manuel com quase setenta anos. Sessenta anos depois...
Depois?
A serenidade, nesta altura da vida, faz-me suspeitar que o tempo, nenhum tempo nos separa dos lugares.
E isso é bom!

Saturday, August 25, 2007

EDUARDO


Vais fazer-me muita falta. Vais fazer-nos muita falta.
Desde aquele teu artigo na Página Juvenil do Diário de Lisboa. Não me lembro quando, julgo que ainda não era aluna do teu pai. Ou era? Quando se é novo, quatro anos é muito....
Agora, hoje, no dia da tua morte, voltaste a ser «tão mais novo do que eu».
Fica esse teu sorriso.
Faltam-nos as palavras. Exactas. E leves. Procuradas sílaba a sílaba. As tuas palavras.

Lembro-me dessa tua crónica que recebi anexada a um mail. É um texto lúcido e cheio de dor. O teu país, Eduardo.
E volto a transcrever-te.
«Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência, nem memória política, nem histórica, nem económica»

A ver se ao menos o teu país, este país que hoje deixaste, te lembra.
Sempre.

Monday, August 20, 2007

REPENSAR O PRESENTE



Do Carlos Tê, na «Visão» de 9 de Agosto:
«Ontem ao deitar fora uns jornais velhos, dei com a Hanna em Avanca, a dar um curso para actores. Sim, há poucos dias em Avanca. (…) Essa foto (…) fez-me recuar trinta anos. (…) e vi-me a mim e a ti, o que eras, o que éramos, o que somos agora. Nesse tempo, há trinta anos tinhas sonhos, curiosidade. Hoje só tens entusiasmo por um novo modelo de telemóvel. A culpa é do mundo, que está mais roliço, e do tempo, que está mais rápido, o que torna tudo imediato e disponível. Os Stones vieram a Portugal dois anos seguidos, a Hanna Schygulla esteve em Avanca. Um dia destes o Spielberg vem filmar a Unhais da Serra e a gente não dá por nada. Tu não andas distraído, muito menos melancólico, a tua atenção é que é apenas selectiva. És capaz de trinta horas ao relento numa fila para a inauguração do Ikea em Matosinhos e alcançar a experiência mística de ser o primeiro a entrar, ou o décimo, para ter direito ao brinde de cem euros em compras. Tens o dom de estar atento à pechincha, aos faqueiros em promoção, aos armários em PVC, e a tudo o que de mais concreto há na vida: a gloriosa diversidade do mobiliário.»

Saudades do passado, não é grande coisa…
Mas tenho para mim que vale a pena repensar o presente.

Thursday, August 16, 2007

A CADA PASSO, A ARTE


Em Tibaldinho, a cada passo, a arte.
Peças que se vendem.
que se guardam nas casas de cada um.
Arcas muito antigas.
Histórias.
História de verdade.
Memórias muitas.

E como teia que não acaba nunca, as mãos das mulheres da nossa aldeia, mãos rudes que trabalham também o campo e as labutas da casa, continuam a bordar estas relíquias. Todos os dias. Manhã cedo. até que se tolde a luz. e que o sino toque vésperas.

Wednesday, August 15, 2007

INCOMPETÊNCIA ...


Só fazendo nova postagem consigo juntar uma imagem.


Formas de incompetência....

SÓ POR CAUSA DO DIA


Pois. Esta espécie de pecado por «ainda não».
Ainda não disse «obrigada» pelos parabéns que recebi de cada um.
Ainda não escrevi nenhum postal.
Ainda não arrumei o armário dos copos.
Ainda não li o que queria na Visão.

Ainda não emagreci nadinha.
Hoje ainda não dei uma bela caminhada.
Nem escrevi.

Há bocado o Manel disse «O que me acontece mesmo aqui em Tibaldinho, quer eu acorde cedo, quer acorde tarde, é que não tenho nunca aquela espécie de culpa de que há qualquer coisa que não fiz.»
Boa, Manel.
Disseste assim o que é estar em Tibaldinho.
O que é hoje e o que foi sempre.
O dia sem culpa.
Só porque sim.

Como hoje é dia 15 de Agosto, vou ver se melhoro esta postagem com uma imagenzinha, já que a tal máquina fotográfica, ainda não...

Tuesday, August 07, 2007

QUE MANIA!


Outra mania que tenho é estar a dormir antes que chegue a meia noite do dia dos meus anos, oito de Agosto.

E já tão perto da tal meia noite quero aqui deixar um grande obrigada pela vida toda, inteirinha. Por todas as pessoas. Todas. Por todos os momentos. Todos.

O resto do texto há-de ser escrito amanhã ou depois.

Talvez já de Tibaldinho. Estamos num hotelzito em Castelo Branco,

E vou adormecer assim. Com a vida toda envolta em gratidão.

Monday, August 06, 2007

ONDE A VIDA?


Onde a vida no estilhaço da morte?
Onde o afecto e a ternura?

Onde....?

Sunday, August 05, 2007

VITUS




Quase por acaso, assim «Se fossemos ao cinema» e «Talvez no King vá qualquer coisa que valha a pena»
Fomos ver «Vitus».

Depois a mesa de um café e uma conversa feita de alguma reflexão e muitos silêncios.

Com muita convicção recomendamos «Vitus».

Wednesday, August 01, 2007

TIBALDINHO QUANDO SERÁ QUE VAMOS?




OS BERLINDES


Jantámos ontem com os manos M e J, o que foi bem bom. Mas insistiram em nos pagarem o jantar. E nós deixámos. «Que desta vez era assim. Uma vez uns, outra vez outros...».
Mas foi por causa deste «uma vez uns, outra vez outros» que me lembrei dos berlindes.
Quando namorávamos (pré-história, claro... ), dávamos um ao outro um presentinho. Todos os meses. No dia em que tínhamos começado esse namoro
Tudo muito bem. Até que o valor dos presentes começava a subir. E não parava.
Um dia o Manel resolveu isto de vez. Trouxe-me embrulhado na mão um berlinde dos maiores. Cheio de côr.

Os berlindes passaram a dizer a nossa vida.
Quando fiz sessenta anos (há quase sete, imaginem...) ofereci uma dessas bolinhas a cada amigo e juntei-lhe as palavras de António Gedeão «... e sempre que um homem sonha o mundo pula e avança, como bola colorida ...»
Meses depois o Manel fez anos. Vieram os netos.E o Francisco chegou de Évora com um berlinde como presente para o avô.

Os berliindes dizem assim a nossa vida. E esta vontade de sonhar. Até ao fim.