Sunday, June 14, 2009

EUNICE

Enquanto passo a ferro uma camisa, oiço na Antena Um as palavras de Eunice. Ainda as não encontrei no site. Se encontrar, hei-de procurar pôr aqui algumas.

P'ra já, não posso deixar de dizer quanto tudo o que ela diz é tão sagrado.

E agradecer.

Gente assim.
Vida muito para lá do visível.

Saturday, June 13, 2009

IGNORÂNCIA, DISTÂNCIA, AUSÊNCIA

Não sei dizer NADA do dinheiro da transferência do Ronaldo.

Eu quero ser deste mundo até ao fim.

Mas de que mundo?

13 DE JUNHO, DIA DE SANTO ANTÓNIO


Em homenagem a todos os Antónios
Pelo menos aos da minha vida, sabendo já que vou omitir imensos só por pressa ou esquecimento

Em primeiro lugar o nosso neto António, também chamado o Sirenes.
O que os netos podem!
Surpreende-me que ele passe à frente do meu avô António, esse de Tibaldinho, da quinta no Campo Grande, da leitaria, esse que quase não dizia uma palavra, que quando eu nasci me comprou sem vontade um urso de peluche (homem da Beira sabe lá o que é um peluche), que assistia contrariado aos meus estudos e dizia «ai o teu pai, Teresinha, lá tiveste outro «merdiocre», esse que tinha pelo menos um filho de que a minha mãe nunca me falou não fosse eu dividir o quintal ou a casa, ela sabia das minha manias de igualdade, esse que todos os dias apanhava o primeiro eléctrico da manhã para a quinta porque era preciso distribuir aquelas hortaliças todas p’las praças de Lisboa. Esse de quem eu gostava TANTO. Um dia percebi que ele tinha morrido, sem perceber, claro, porque à hora da saída do Maria Amália não estava à minha espera o empregado que me havia de levar a visitá-lo ao hospital de S. Luís. Só lá estava o meu cão, o Faraó, um serra da estrela enorme. Viemos até à leitaria a pé. Quando cheguei disseram-me que telefonasse para o hospital e foi a Mariana Gouveia que ao telefone me disse «Teresinha, acontece a todos». Esperavam por mim para fechar a porta e pôr aqueles papéis, aquelas cruzes pretas. Choro hoje as mesmas lágrimas. Sei, tenho a certeza que era quinta-feira, porque fui lanchar e deixar cair as lágrimas em cima do suplemento juvenil do Século. E o Faraó deitadinho e terno, ao pé de mim. Ali os dois. Depois acho que não chorei mais. Se não hoje. Fui ao enterro, fui àquilo tudo. Mas o meu avô já tinha morrido.
Com ele perdi também o Faraó que teve de ir para o colégio do Dr. João Soares, ele era enorme e deitava os fregueses ao chão, só p’ra brincar.

Afinal já não devo escrever nada sobre outros Antónios. Está tudo dito, tudo entendido daqueles que perdi, não está?
E não é porque os perdi.
É porque eles eram mesmo muito bons. E ternos.
Gostavam de mim sem porquê.
Só porque sim.


E no entanto há hoje muitos Antónios na minha vida.E bem vivinhos. Nenhum faz a gritaria do Sirenes, mas que me lembre, parece que são mesmo muito bons (talvez não me vá arrepender, talvez…).

POIS VIVAM TODOS ANTÒNIOS:

E Sirenes, por favor, continua a gritar. Não para os pais, nem para os manos. Pode ser só para mim. Para dizeres essa vida toda. Essa vida que não se cansa nunca. Essa atenção que te faz saber tanta coisa, tanta.
E essa ternura com que, no fim do jantar, perguntas ao avô Manel «Pois é, avô?»

Ontem percebi ou julguei perceber a magia dos Antónios. É que a imagem deste santo transporta um menino ao colo. Com cuidado. Com zelo.
É uma imagem que diz o melhor da humanidade.

É mesmo. Vou tentar põ-la aqui.
E.. afinal consegui. Com ajuda do Manel.