Faz hoje anos a A e a L.
Hesito.
A A não gosta de fazer anos.
Ou diz que não gosta.
Mas ousei. Peguei no telefone, quase a medo e surpreendi-me.
Estava feliz. Voz aberta e franca.
E disse-me «Olha, até já dei graças por mais um ano».
Boa!
Parabéns redobrados.
Por causa destas coisas que fazem a vida e parecem coisas de nada, é para ela, é para todos que deixo o poema de Torga, de que sempre gostei tanto:
BUCÓLICA
A vida é feita de nadas
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;
De poeira;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.
S. Martinho de Anta, 30 de Abril de 1937
Sunday, January 25, 2009
Friday, January 02, 2009
NATAL EM JEITO DE COMPAIXÃO
De Adília Lopes,
porque diz «Natal» em jeito de compaixão:
«Amar uma pedra, um cão, uma osga, uma barata.
Amar uma pessoa que não gosta de nós.
Amar uma pessoa de quem não gostamos.
O amor é mais difícil do que a mecânica quântica.
Fernando Pessoa, num poema em que caridade rima com electricidade,
diz que não tem caridade.
Às vezes, aquilo a que chamamos amor não é amor:
- é exigir em troca
- é dar para que dês
Amar alguém é confiar nessa pessoa, não estar de pé atrás,
Acreditar nessa pessoa. Gostamos pouco uns dos outros,
Disse Tonino guerrra.
Quero amar e ser amado, dizia Jorge Luís Borges, é muito
Ambicioso, não é humilde.
Acho que devemos pedir só para amar.
É fácil amar quando a vida nos corre bem.
Quando a vida nos corre mal, insultamos o mundo e, às
vezes, insultamos Deus. Acreditar então nas coisas mais queridas,
mais pequeninas:
- as medalhinhas do nosso Baptismo, que entretanto foram roubadas,
se perderam..
- a imagem de Nossa senhora de Fátima comprada na loja dos 300.
- dois versos de uma oração de que esquecemos o resto.
Às vezes, a vida corre-nos muito bem e esquecemo-nos da
compaixão. A compaixão é o amor. Só a compaixão salva. Só
a compaixão é eterna.
O sofrimento nem sempre se vê. E o sucesso, como o desespero,
pode cegar.
Às vezes, temos grandes amigos e não sabemos. A padeira do
nosso, o vizinho do nosso prédio. Anos e anos a dizer:
«Bom dia! Boa tarde!», mais nada, e essas palavras bastaram.
O amor nem precisa de palavras. Mas as palavras sabem bem.»
porque diz «Natal» em jeito de compaixão:
«Amar uma pedra, um cão, uma osga, uma barata.
Amar uma pessoa que não gosta de nós.
Amar uma pessoa de quem não gostamos.
O amor é mais difícil do que a mecânica quântica.
Fernando Pessoa, num poema em que caridade rima com electricidade,
diz que não tem caridade.
Às vezes, aquilo a que chamamos amor não é amor:
- é exigir em troca
- é dar para que dês
Amar alguém é confiar nessa pessoa, não estar de pé atrás,
Acreditar nessa pessoa. Gostamos pouco uns dos outros,
Disse Tonino guerrra.
Quero amar e ser amado, dizia Jorge Luís Borges, é muito
Ambicioso, não é humilde.
Acho que devemos pedir só para amar.
É fácil amar quando a vida nos corre bem.
Quando a vida nos corre mal, insultamos o mundo e, às
vezes, insultamos Deus. Acreditar então nas coisas mais queridas,
mais pequeninas:
- as medalhinhas do nosso Baptismo, que entretanto foram roubadas,
se perderam..
- a imagem de Nossa senhora de Fátima comprada na loja dos 300.
- dois versos de uma oração de que esquecemos o resto.
Às vezes, a vida corre-nos muito bem e esquecemo-nos da
compaixão. A compaixão é o amor. Só a compaixão salva. Só
a compaixão é eterna.
O sofrimento nem sempre se vê. E o sucesso, como o desespero,
pode cegar.
Às vezes, temos grandes amigos e não sabemos. A padeira do
nosso, o vizinho do nosso prédio. Anos e anos a dizer:
«Bom dia! Boa tarde!», mais nada, e essas palavras bastaram.
O amor nem precisa de palavras. Mas as palavras sabem bem.»
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