Monday, September 26, 2005

O VERDE GAIO E OS PAVÕES DO JARDIM DA PARADA

Lembro-me sim dos pavões do Jardim da Parada. Um barulhão à noite... Do Verde Gaio a levar comida a casa, não me lembro mas sei que sou desse tempo.
Sou até do tempo da fava rica. Uma panela enorme, à cabeça de uma senhora que subia as escadas do nosso prédio. Era o cheiro do meu acordar. Um cheiro horrível, delícias do meu pai.
E o quartel com magalas e tudo. Eu a fazer esse caminho, de casa para a leitaria, da leitaria para casa, miúda, tão miúda, muito direita, muito rápida. A garantir à minha mãe que ninguém se metia nunca comigo. Mentira, mãe...

E o Canas! Eu, felizmente inconciente, curiosa, dezasseis anos, a distribuir à porta desse café os papéis da candidatura do Delgado. Os meus pais deixavam, incentivavam até. Hoje agradeço-lhes muito. Talvez eu nunca tivesse tido a coragem de o deixar aos meus filhos.

Tantas, tantas ruas,
recantos,
gente por onde nos entra o sonho. E faz a vida.
Para sempre.
Para sempre mesmo.

Bem-hajam.

É que não vai dar para desistir da esperança.

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