Sunday, August 30, 2009

É UM RAPAZ

«- É um rapaz.
Tá a ver, tem aqui o seu rapaz.»

Foi assim que o médico me pôs em cima da barriga agora insensível, um rapaz cooooooooooompridíssimo, um molho de líquidos que eu não percebia, misturados com uns que me pareciam sangue.

Um rapaz.
Levaste um tempozito que me pareceu enorme até que gritasses muito. MESMO MUITO.
(nunca foste de falar à primeira, era isso, talvez)

Depois vi-te as mãos muito abertas e enormes.
Os pés, a mesma coisa.
Esquisito. Parecias-te com o médico.

Foi quando desatei a chorar. Também estava certo comigo e não te deve ter surpreendido. Disseste mais tarde «A minha mãe até chora com anúncios».

Sei lá porque é que choramos. Vem de dentro.
Diz também a vida.
E a alegria tornada mais serena e mais conforme...

«Faz o favor de seres feliz.» (plágio que vale)

O pai quis chamar-te André. Hoje já gosto, mas levei um tempão. Sou sempre demorada.

O pai tinha razão.
André.

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