Sunday, March 04, 2007

TABOR


«Esta busca constante do belo é o que mais nos aproxima do absoluto»

Ouvi ontem, fim da tarde na cidade.
E julgo que entendi, ao menos em parte.


Sei muitos poemas de cor. Muitas palavras.
Foi então que me lembrei deste que guardo desde menina, julgo que de Mário de Sá Carneiro:

«Um pouco mais de sol e fora brasa
Um pouco mais de azul e fora além
Para atingir faltou-me um golpe de asa.
Ah, se ao menos eu permanecesse aquém!»

Nunca quis «ficar aquém». A vida toda.
Sabendo como dói «o pouco mais de sol» que falta, «o pouco mais de azul» que não alcanço.

Mas já lá está.
Inteiramente em mim.
Porque sonhado, querido, tentado a custo.

Cravada a dor de nunca alcançar.

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