Saturday, February 02, 2013

O ESPELHO

Gostei sempre de chamar «Mãe» à Mãe do Manel. Gostei, sim. Muito. Não é que eu tenha sido fácil,... Feitiozinho Chamar-lhe «Mãe» foi tão natural. Nem vagamente me passou pela cabeça «que a minha Mãe sentisse isto ou aquilo». Estávamos as três de acordo e tranquilas. E era giro. A minha Mãe sempre «Teresinha devias assim, devias ...». A senhora «Oh Alice, ela tem pouco tempo, ela ...». E eu a respingar. Faz-me falta. E muita. A ver se aprendia de si essa sabedoria milenar que as famílias vão acumulando. Tenho cá a sua cómoda do quarto. Pedi aos meus cunhados se me podiam dar o espelho. E está ali, em cima da cómoda como dantes. Esse espelho onde tanta vez a vi ajeitar o bâton sempre discreto. Às vezes, olho-me no espelho e dou um toque ao cabelo. Não é bem a mesma coisa. Mas vá lá. É assim. De geração em geração.

No comments: