Tuesday, June 17, 2008

DE COMBOIO...


Acabo de ler a última postagem do André. E gostei tanto. Tive muita vontade de fazer uma viagem de comboio. Toda a vida me seduziram. Desde aqueles em que voltava de Tibaldinho e antes de Lisboa passava o túnel do Rossio. Depois, meia a dormir, já no taxi p'ra casa, ouvia a minha mãe Teresinha, olha, estamos quase a chegar. Entreabria os olhos e via os anúncios com luzes a piscarem. Uma máquina Singer com as rodas a rodarem mesmo. Eu acordava.
E tantas viagens! Sempre p'ra Tibaldinho. Sempre para essa casa «de sempre». Ainda hoje para lá telefonei, que lhe dessem uma limpezasinha . E como é bom voltar. É que a casa «de sempre» contem a vida toda. Inteirinha. Inteiros os afectos. Os sonhos. As loucuras. As gerações de todos os que lá viveram e me amaram, eles que nas coisas de nada - cada ano descubro mais algumas - dizem também a vida.

Ficava aqui , feliz a escrever! São três e meia da manhã. Já não há televisões , nem telefonias, nem futebol, nem barulho nenhum. Não tocam os telefones. Não há palavras de encontro ou desencontro. Nas traseiras não há luzes. Mas julgo que a prudência me manda que durma qualquer coisa. Amanhã é o último dia para dar uma mão aos rapazes com exame de Língua Portuguesa na quarta-feira. E mais outras tarefas. Vou render-me... E tenho tanta pena de não ficar por aqui.

Só mais umas palavras - também havia - e lembro-me - viagens de comboio a noite toda. Parece que se chamava o comboio do correio, já não sei. Numa delas, teria dez anos, nove e eu ia com o meu pai. Olhei a noite muito escura p'la janela. Foi quando lhe perguntei e já sabia a resposta Pai, quando se morre o céu não é lá em cima, pois não?

Bem, vou então render-me. Vou deixar esta viagem de comboio que me trouxe a postagem do André e que agradeço.

Também estou pr'áqui com umas lágrimas a saltarem. Não, não vou deixar.

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