Monday, February 19, 2007

CEGO É O QUE NÃO VÊ O ROSTO DA POBREZA

A nossa empregada acaba de telefonar. Que não vem. Que tem gipe e está cheia de febre.
A X nasceu na Madeira. Por causa da extrema pobreza foi muito criança para a Venezuela. Aí casou.
E também por causa da pobreza veio para Portugal. Ela, o marido, três filhos e os sogros.
Trabalha numa limpeza desde as seis da manhã. Chega a casa às dez da noite.
Disse-nos há uns dias que nunca tinha estado doente.
É uma mulher alegre e cumpridora.

Às vezes, tantas vezes, somos cegos ao rosto da pobreza, que cruza as nossas vidas.
Que cruza a cada passo as nossas vidas.

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