Friday, December 26, 2008

ESTRELAS...

Hoje, entre idas e vindas, encontros, palavras e ausências, vim até aqui, quase culpabilizada «pelo tempo que nunca me chega». Mas é mais forte do que eu. Carrego primeiro na «Caixa de Costura» do André ( o André é meu filho ) e depois não resisto. Carrego na «leitaria».
Acontece que encontrei uma estrela. A Inês.
Bem haja, Inês.
Tomaremos o chá, qualquer coisa. Proponha. Havemos de conseguir.
Qualquer coisa há-de dar. Para tecer os laços, termos rosto e termos voz.

E esta boa surpresa que tive, faz-me contar como os gestos mais banais podem ser «estrelas».
No Natal ou na vida.
É uma senhora que só conheço do cabeleireiro.
Viúva muito cedo.
Depois uma ligação de que fala abertamente. «Com o engenheiro».
Há uns anos, «o engenheiro» morreu.

No sábado disse-me que no dia seguinte fazia anos. Pedi-lhe o telefone e «se não se importava que lhe telefonasse. Mas não queria incomodar»
Já eram dez da noite. Telefonei. Palavras rápidas. Quase circunstanciais.

Quando a voltei a encontrar, disse-me que costumava desligar o telefone para descansar, mas que tinha tido um pressentimento. E eu toquei.
Que quando desligámos,lhe tinham saltado umas lágrimas.
«É que bem vê, estou muito só. Passei a tarde no Estoril. Depois, p'ra casa...»

E a mim, que não me esforço mesmo nada em fazer um telefonema, doem-me as omissões.Tantas as omissões.
E uma estrela é tão fácil.
No Natal.
Em cada dia.
Pode dar ânimo.
Vida que nasce.
Como o Menino de Belém.
Como cada vida.
Como as palavras da Inês.

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