Wednesday, December 12, 2007

A VIDA SEM PORQUÊ


Tinha enviuvado.
Parece que se não habituava a esse súbito estar só.
E aquele amigo do marido por perto... Não era fascinante. Estava por perto.
Tinha ido a Londres com a filha e o genro. E não gostou. A ver uma montra, num tempo e num ritmo seu. « Mãe, venha depressa, não fique sempre aí parada...» Não. Isso não.
Queria de volta o seu jeito de estar.
E aquele amigo do marido, era uma companhia. Uma boa companhia. Viagens a seu gosto. Tudo como quisesse
Um «casamento» em Espanha.

Tomei ontem um café com ela.
Oitenta anos.
«E agora tenho ali um homem que me pergunta a toda a hora aonde é que vou.
Que me vai sempre levar e que me vai buscar.
Nem um passo só meu.»

Não tive nada para dizer. Talvez lhe faça um telefonema, agora que é Natal.

A vida assim. A vida sem porquê....
Mas ainda assim, é vida.

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