Em criança, julgava
que no ano dois mil não mais haveria guerras, nem fome, nem injustiças.
E parecia-me
que o teu Evangelho, Senhor Jesus, tinha muito a ver com isto.
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Na juventude
entreguei-me entusiasmada a causas sociais e a gestos solidários. O mundo era
uma rede a transformar e isso podia estar ao meu alcance.
Foi passando
o tempo, foram passando os anos. E as guerras continuaram e também a fome, a
injustiça, a exploração.
Passou
também por mim o tempo e com serenidade aprendi que nada fora em vão. O mundo
não está bem, mas está melhor.
No entanto,
esta noite só me ocupa a vida dos migrantes.
As viagens e
os perigos que não sei imaginar.
A busca de
uma terra que dê pão.
De um braço fraterno
mais forte do que os muros.
De uma cama,
de um abrigo.
Esta marcha
sem luz e sem alcance.
Caem os meus
olhos no missal velho e leio «O Senhor sustenta os que vão cair»
E digo em
oração «O Senhor sustenta os que vão cair».
E que assim
seja.
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