O telefone tocou muito cedo. E uma voz « que era melhor as crianças não irem à escola. Parece que havia uma revolução.»
Tento acordar o Manel «Liga o teu radio-despertador (ainda é o mesmo…). Há uma revolução.»
Nada acorda o Manelinho. «Não há nada. Deixa-me.»
Ao fim de muitas palavras, lá consegui.
A seguir, os dois na sala.
Televisão ligada.
E dois rádios portáteis.
Pelas oito horas, dois pijaminhas ensonados «Hoje não vamos à escola?»
Depois, foi todo o dia a tentar explicar, a tentar perceber.
E às duas da tarde, apesar da idade e das recomendações para que ninguém saísse, chega feliz o meu sogro, a pé desde a Estrela, «Manuel ,nunca pensei chegar a ver isto»
Gosto de chamar-lhe «pai».
Agora, vou já pelo meu bairro. E compro cravos. Vermelhos.
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